Governo e centrão duelam para ver quem consegue pendurar
mais despesas no Orçamento de 2026
Para abrir espaço fiscal, acordos de ocasião destravam
até mesmo propostas antes rejeitadas
A reta final das votações econômicas no Congresso
Nacional mostra como as definições de base governista e oposição são
bastante fluidas quando se trata de garantir um naco do Orçamento para chamar
de seu.
No início do mês, o governo Lula (PT)
articulou com os parlamentares a inclusão
de mais R$ 14 bilhões na previsão de receitas para o Orçamento
de 2026, sob a promessa de aumento no Imposto de Importação.
O debate para subir a alíquota sobre alguns
produtos vindos do exterior até existe, mas o que técnicos e autoridades só
admitem à boca miúda é que o número foi colocado lá para permitir o uso do
espaço extra para gastos criado após a aprovação
da nova PEC dos precatórios.
Sem ele, o Executivo não conseguiria acomodar cerca de R$ 12
bilhões em emendas de comissão sem sacrificar suas próprias políticas em pleno
ano eleitoral. A fundamentação técnica saiu de cena para dar lugar ao
pragmatismo político.
Nesta semana, os congressistas que passaram o ano todo
bradando contra o aumento de impostos e cobrando
medidas de corte de despesas não viram maiores problemas em dar sinal
verde a iniciativas arrecadatórias que já
haviam sido, inclusive, rejeitadas anteriormente.
Em muitos casos, que bom que o fizeram, pois há anos
especialistas alertam para a necessidade
de rever incentivos fiscais, muitos deles ineficientes. O que fica claro,
no entanto, é que não é essa a intenção que motiva a tomada de decisão.
Assim como o governo agiu para preservar suas políticas, o
Congresso de repente aceitou, com mudanças, tudo aquilo que criticou para
evitar a ameaça do congelamento de emendas em pleno ano eleitoral e ainda
ressuscitar mais alguns bilhões de anos passados que já haviam sido cancelados.
Por trás desse acordo de ocasião está um verdadeiro duelo
para ver quem consegue pendurar mais gastos no Orçamento de 2026, travado entre
um governo que almeja a reeleição e um centrão que manterá um pé em cada canoa
até a direita definir quem será seu candidato.


Nenhum comentário:
Postar um comentário