Em meio à estagnação econômica e crise política,
parlamentares ainda acham espaço para contemplar um prosaico sanduíche. Coronel
Augusto (PR), deputado federal por São Paulo, quer elevar a patrimônio cultural
o Bauru – combinação de pão, carne, queijo e tomate, criada em 1937 em um
tradicional restaurante da capital paulista. A julgar pela importância de seu
projeto, em uma escala de 0 a 10, o deputado daria nota ‘5, para o povo de
Bauru’, e ‘0’, por exemplo, aos olhos de um paulistano, para quem a lei federal,
se aprovada, ‘não é relevante’.
O deputado explica que existe uma categoria de patrimônio
cultural voltada só aos tradicionais pratos do país, que abarca, por exemplo, a
feijoada e o queijo minas. “O Bauru é conhecido internacionalmente. É um
orgulho para os bauruenses. temos uma festa viva Bauru. 100 mil pessoas que
passam por aqui anualmente para comparecer e atende a 15 entidades
filantrópicas do município”.
O parlamentar alega que o projeto ajuda a ‘projetar a cidade
nacionalmente’ e estimular a economia da cidade. “Depois, possibilidade de
captar recursos junto ao Ministério do Turismo e ministério de Cultura para
fazer outros eventos. Com a declaração de patrimônio cultural isso ajuda a
obter apoio do Ministério da Cultura”.
De 0 a 10, em uma escala de importância da proposição,
Coronel Augusto põe seu projeto no meio do caminho. “depende do ponto de vista.
Para a cidade do bauru, uma prioridade 5”.
“Mas na mesma semana de Bauru, apresentei 21 projetos na
área de segurança, incluindo agravamento de quem pratica crime de aborto. Atuo
mais na área de segurança”, justifica.
Na justificativa do projeto de lei, o deputado conta a
história do lanche, inventado dentro do Ponto Chic, fundado em 22 de março de
1922.
O dono da receita, Casimiro Pinto Neto, era conhecido como
‘Bauru’ entre seus colegas na Faculdade de Direito da Universidade de São
Paulo, no Largo de São Francisco.
Diz a história que foi em 1936 que, atrasado para um jogo de
sinuca, ele pediu para um funcionário da casa montar o sanduíche pela primeira
vez.
“Era um dia que eu estava com muita fome. Cheguei para o
sanduicheiro Carlos e falei para abrir um pão francês, tirar o miolo e botar um
pouco de queijo derretido dentro. Depois disso o Carlos já ia fechando o pão eu
falei: ‘calma, falta um pouco de albumina e proteína nisso’. Eu tinha lido em
um opúsculo livreto de alimentação para crianças, da Secretaria de Educação e
Saúde, escrito pelo ex-prefeito Wladimir de Toledo Pisa, também frequentador do
Ponto Chic, que a carne era rica nesses dois elementos. Então, falei para botar
umas fatias de rosbife junto com o queijo. E já ia fechando de novo quando eu
tornei a falar: falta vitamina, bota aí umas fatias de tomate. Este é o
verdadeiro Bauru”, disse Casemiro em depoimento publicado enquanto vivo. Ele
morreu em dezembro de 1983, aos 69 anos”, consta em depoimento do próprio
Casimiro juntado à Justificativa do projeto de lei.
Do Blog do Fausto Macedo, O Estado de S.Paulo
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