Os candidatos que disputaram as eleições de 2018 gastaram
pelo menos R$ 1,1 milhão dos recursos públicos dos fundos partidário e
eleitoral em empresas próprias ou de outros políticos.
Levantamento da Folha aponta que 11
candidatos aplicaram recursos em suas próprias empresas e outros 121 gastaram
com firmas de outros políticos que disputaram a eleição do ano passado.
Os gastos vão desde contratação
de gráficas, produtoras de audiovisual e compra de combustíveis a gastos
menores, como compra de material de escritório, água mineral e até uma borracha
para lápis que custou nove centavos.
O presidenciável derrotado Ciro Gomes (PDT) foi o candidato
que mais gastou verbas eleitorais com uma empresa própria.
Sua campanha repassou R$ 80 mil para o escritório Xerez
Saldanha Vasconcelos e Ciro Gomes Advogados Associados. E as despesas não se
resumiram à campanha: o
escritório de Ciro recebeu R$ 60 mil do PDT em 2017, conforme revelado
pela Folha no ano passado.
O pedetista informou que se afastou da empresa durante
a campanha eleitoral e que jamais recebeu recursos decorrentes da prestação de
serviço de advocacia à sua campanha. Também afirmou que os serviços prestados
são públicos e podem ser consultados no Tribunal Superior Eleitoral.
Entre
os candidatos que foram eleitos, o deputado federal Lúcio Mosquini (MDB-RO)
é campeão em gastos em sua própria empresa —foram R$ 23,5 mil repassados para
um posto de combustíveis do qual ele é proprietário.
Ele alega que não há irregularidade na contratação,
classifica os gastos como pequenos diante do R$ 1,8 milhão que gastou na
campanha e diz que optou pelo posto para comprar mais barato: “Eu fiz desconto
para mim”.
O mesmo fez o deputado estadual Zé Santana (MDB-PI), que
aplicou R$ 3.800 na aquisição de gasolina e diesel em seu próprio posto
combustível, que fica em Uruçuí [a 453 km de Teresina].
“O posto fica na região onde tenho base eleitoral, é onde eu
sempre abasteci. Não teria sentido eu comprar na mão de outro [posto]”, afirma.
Outros oito candidatos que não tiveram êxito na eleição
repassaram recursos para as próprias empresas. Eles pertencem a partidos como
PC do B, PP, DEM, PSL e PDT e gastaram entre R$ 450 e R$ 16 mil.
Entre os candidatos que contrataram empresas de políticos
aliados, o que mais gastou foi o deputado federal José Medeiros (Pode-MT). Ele
repassou R$ 200 mil para uma gráfica que pertence a Gina Defanti (PSL), que
também disputou o cargo de deputada federal. Medeiros não quis se pronunciar
sobre o caso.
O presidenciável
José Maria Eymael (DC) gastou R$ 43 mil na empresa de Cynthia Akao
(DC-SP), candidata a deputada estadual em 2018. A firma é desenvolvedora de
aplicativos para mobile e redes sociais.
“É uma jovem que já prestava serviço para a gente e quis
ingressar na política. Teve até uma votação razoável”, justificou Eymael.
Cynthia Akao teve menos de 300 votos.
No geral, a gráfica pertencente ao ex-deputado Antônio
Mentor (PT) foi a empresa de político que mais faturou nesta campanha. A firma
foi contratada 132 vezes por 17 candidatos e recebeu ao todo R$ 243 mil.
Entre os contratantes, também há políticos de partidos
adversários, caso dos candidatos a deputado por São Paulo Miguel Lombardi (PR)
e Edmir Chedid (DEM).
O levantamento feito pela Folha inclui
apenas os políticos que usaram verbas públicas dos fundos partidário e
eleitoral. Portanto, não contempla casos de políticos que aplicaram em empresas
próprias ou de aliados recursos da campanha que vieram de doações feitas por
pessoas físicas.
Dois governadores enquadram-se nesses casos. O
governador de Roraima, Antônio Denarium (PSL), gastou R$ 84,4 mil em uma
firma pertencente a Doan Rabelo (PSL-RR), candidato a deputado federal.
Já o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), alugou veículos
da empresa de Júlio Ventura Neto, segundo suplente para o Senado na chapa
encabeçada por Cid Gomes (PDT), seu aliado. Foram gastos R$ 51,5 mil, mas todo
o dinheiro veio de doações.
Outro caso semelhante foi o do senador Angelo Coronel
(PSD-BA), que pagou R$ 108 mil para o aluguel de uma aeronave de uma empresa
que pertence à sua família e que tem ele próprio como presidente.
Também contrataram essa mesma empresa o senador Jaques
Wagner (PT-BA) e o governador da Bahia Rui Costa (PT).
Ainda houve situações de repasses para empresas de
parentes, caso
do deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), que gastou R$ 250 mil na
empresa de seu filho Cristiano Bivar. O caso foi revelado pelo jornal O Estado
de S. Paulo na sexta-feira (15).
Fundo partidário
É uma das formas de financiamento público dos partidos políticos no Brasil e não se restringe às campanhas eleitorais. A maior parte do que cada partido recebe é equivalente à sua bancada na Câmara dos Deputados
É uma das formas de financiamento público dos partidos políticos no Brasil e não se restringe às campanhas eleitorais. A maior parte do que cada partido recebe é equivalente à sua bancada na Câmara dos Deputados
R$ 336,9 milhões
foram destinados pelo fundo partidário a campanhas nas eleições 2018
foram destinados pelo fundo partidário a campanhas nas eleições 2018
Fundo eleitoral
Foi criado em 2017 com o objetivo de custear as campanhas eleitorais após a proibição do financiamento por empresas. A maior parte do que cada partido recebe é equivalente à sua bancada na Câmara dos Deputados
Foi criado em 2017 com o objetivo de custear as campanhas eleitorais após a proibição do financiamento por empresas. A maior parte do que cada partido recebe é equivalente à sua bancada na Câmara dos Deputados
R$ 1,65 bilhão
foi destinado pelo fundo eleitoral a campanhas nas eleições 2018
foi destinado pelo fundo eleitoral a campanhas nas eleições 2018
R$ 862,3 milhões
vieram de doações
vieram de doações
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