O Exército de Libertação Nacional da Colômbia, a maior
organização narcoterrorista em atividade na América do Sul, consolidou o
domínio de cidades, áreas de mineração e de agricultura na região sul da
Venezuela, num raio de 500 km da fronteira com o Brasil, em zonas próximas dos
postos do Exército em Cucui (AM) e Urimatã (RR). Forças Armadas brasileiras
tentam reforçar a vigilância numa região de 2,1 mil km, floresta densa e
inúmeros rios.
O narcoterrorismo de origem colombiana se expande
rapidamente pelo território da Venezuela em meio ao colapso institucional do
país. Serviços de informação de Colômbia, Brasil e Estados Unidos têm
confirmação de acampamentos de tropas e emissoras clandestinas de rádio (FMs
97.7; 95.5; 90.1; 105.5, e 97.4) em pelo menos dez dos 23 estados venezuelanos.
O governo Nicolás Maduro adotou o ELN e outros grupos
narcoterroristas colombianos (dissidentes das Farc, Rastrojos e Águilas Negras,
entre outros) como “forças auxiliares” de defesa nacional. Com auxílio do
ex-vice-presidente Tareck El Aissami, abrigou em Bolívar um núcleo armado do
Hezbollah, do Líbano. Na prática, perdeu o controle de partes do território.
O ELN passou a atuar até na distribuição de cestas básicas
de alimentos do governo, em caixas de papelão com adesivos da narcoguerrilha ao
lado de imagens de Maduro e do falecido Hugo Chávez. Esse programa de comida
subsidiada, conhecido como Clap, foi classificado na semana passada pelos EUA
como uma operação de lavagem de ativos, coordenada pelo colombiano Álex Saab
Morán. Ele foi flagrado numa recente operação de contrabando de sete toneladas
de ouro da Venezuela, interceptadas num porto de Uganda, na África. Segundo os
EUA, a lavagem era realizada com apoio do Hezbollah na Turquia, no Panamá e em
Hong Kong.
Desde janeiro, quando matou 21 pessoas num ataque com
carrobomba em Bogotá, o ELN avança na região de Puerto Ayacucho, capital do
Amazonas venezuelano, a 500 quilômetros da base militar do Brasil em Cucui
(AM). Do lado brasileiro, sobram tensão e medo.
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