As deputadas Carla Zambelli e Joice
Hasselmann, ambas do PSL de São Paulo, trocaram acusações e cobranças
por meio do Twitter na noite da última sexta-feira (17). A briga é sobre a
postura da bancada do partido – a maior da Câmara, com 55 deputados – nas
votações na Casa. As tensões internas na sigla aumentaram desde que o partido
viu vários pontos da reforma administrativa do governo Bolsonaro serem
derrubados na comissão da Medida Provisória 870. O texto precisa ser
votado em plenário.
Enquanto Zambelli defende que a legenda negocie menos e não
abra mão de seus princípios, Joice, que é líder do governo no Congresso, tem
alardeado a necessidade de fazer concessões ao chamado centrão – grupo na
órbita de influência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) – para
viabilizar as pautas de interesse do Planalto.
A troca de hostilidades começou quando Zambelli afirmou, em
mensagem, que "o presidente Jair Bolsonaro disse hoje que 'a mudança na
forma de governar não agrada aqueles grupos que no passado se beneficiavam das
relações pouco republicanas'". A frase é trecho de uma nota oficial lida
na sexta pelo porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, em
resposta ao vazamento de um texto compartilhado por Bolsonaro em um grupo de
WhatsApp com aliados. Atribuído a autor desconhecido, o
manifesto distribuído pelo presidente afirma que o país é
"ingovernável"fora dos tradicionais conchavos.
Zambelli continuou: "A MP 870 sofreu grave ataque na
comissão, e pergunto: a líder Joice Hasselmann não fala nada disso em suas
redes, por que?". O recado exprimiu a insatisfação da bancada com as
negociações em torno da MP, que envolveram o número de ministérios na Esplanada
e a retirada do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do
controle do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
Estas derrotas, segundo lembrou Zambelli, estão sendo
combatidas pelo líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), que
busca reverter o resultado quando a votação for a plenário, na semana que vem.
A deputada acusa Joice de estar "boicotando" Vitor Hugo.
Questionada por Zambelli sobre o motivo de "não falar
nada disso em suas redes", Joice respondeu: "Porque eu - ao contrário
de você - penso no bem do país e do governo Bolsonaro. Porque eu sei fazer
conta, conheço matemática básica e logo sei que SEM A MAIORIA NÃO SE APROVA
NADA", publicou. "Porque eu estou preocupada com o país e não com
curtidas em tuítes ou lives. Porque eu sou inteligente, já você...",
completou.
Pouco depois, Joice subiu o tom e compartilhou
uma matéria do site Terça Livre, afirmando que Zambelli pratica o chamado
nepotismo cruzado: Bruno Zambelli Salgado, irmão da deputada, é coordenador de
Monitoramento e Avaliação da Gestão do Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra). O órgão é subordinado à secretaria de Assuntos Fundiários
do Ministério da Agricultura, comandada pelo pecuarista Luiz Antônio Nabhan
Garcia. O irmão de Luiz Antônio, Maurício Nabhan Garcia, é secretário
parlamentar no gabinete de Carla Zambelli. A esta mensagem de Joice, não houve
resposta.
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