A deputada estadual do Rio de Janeiro Dani Monteiro (PSOL)
denunciou o colega do PSL Alexandre Knoploch ao Conselho de Ética da Assembleia
Legislativa depois que o parlamentar fez críticas às suas vestimentas no
microfone do plenário, durante o expediente final da quarta-feira (11). Nas
redes sociais, Dani compartilhou uma foto mostrando que, naquele dia, vestia
uma saia amarela até os joelhos e meias da mesma cor, que cobriam toda sua
perna, além de uma blusa azul marinho e um blazer preto — combinação que
Knoploch chamou de "desrespeitosa" e associou ao programa
"Escolinha do Professor Raimundo, da Globo, e às novelas infantis
"Chiquititas" e "Carrossel", do SBT.
Em entrevista para Universa, a deputada mais jovem da Alerj
disse que, neste mês, tem dado preferência a peças amarelas em apoio à campanha
Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio, mas que sempre foi afeita a roupas
coloridas.
"Eu estudei em Escola Normal [curso de Ensino Médio
para formação de professores], saia e meião eram parte do uniforme. Não vejo
inadequação nenhuma nisso", afirma. "Não estamos em um concurso de
moda, não quero que a minha roupa chame atenção, afinal, sou parlamentar e não
blogueira". Ela considera a atitude do colega parlamentar desqualifica
outras mulheres, já que em sua fala ele se referiu a "deputadas", no
plural. A representação foi feita por meio da Comissão de Defesa dos Direitos
da Mulher, que emitiu ontem uma nota de repúdio à fala de Knoploch e levou o
caso ao Conselho de Ética. Além disso, a deputada do PSOL se reuniu com o
presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), que segundo ela tem sido um aliado
das mulheres da Casa e endossou a denúncia.
O assunto deve ser discutido na próxima terça-feira (17), em
reunião da Corregedoria da Alerj com a participação de Alexandre Knoploch, que
é vice-corregedor.
"A Alerj precisa ter a cara do povo"
Enquanto, por regra, os deputados só podem entrar no
plenário da Alerj usando terno, a Casa não tem um código de vestimenta para as
mulheres parlamentares. "A Alerj, como todos os espaços de poder, não
foram feitos para nós mulheres. ", escreveu Dani Monteiro, nas redes
sociais.
A deputada conta que se veste com roupas coloridas mas que,
assim como outras mulheres no mesmo cargo, evita peças muito curtas em respeito
à formalidade parlamentar.
Mas, para ela, a Casa não deveria ter código de vestimenta
nem para homens nem para mulheres, afinal, "a Alerj precisa ter a cara do
povo".
"Já ouvi burburinhos de que minhas roupas são muito
simples e têm cara de brechó. [Minhas roupas] são de brechó mesmo, isso não é
demérito. É uma forma de incentivar a economia solidária, a moda
sustentável", disse. "Claro que, quando me tornei deputada, tive que
comprar algumas roupas, mas não mudei a maneira como me visto. Pelo menos dois
dos blazers que eu uso hoje foram comprados há anos, quando eu trabalhava em um
call center. E são os meu preferidos".
Dani afirma que as críticas a suas roupas esbarram no
machismo e no racismo. "É mais difícil para uma pessoa preta apresentar a
formalidade e os critérios de vestimenta de um parlamentar branco, afinal, a
cara da pobreza e da violência na nossa sociedade é preta", disse.



Nenhum comentário:
Postar um comentário