Fux suspende juiz de garantias e instala batalha no Supremo
e com Congresso
Após ser aprovada, sancionada e adiada, a criação do juiz de garantias foi, enfim, suspensa por tempo indeterminado nesta quarta-feira. O ministro Luiz Fux, atualmente vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu paralisar a implantação da inovação, revogando decisão liminar da semana passada do presidente da Corte, Antonio Dias Toffoli, que havia dado seis meses de prazo para a entrada em vigor da medida. “Observo que se deixaram lacunas tão consideráveis na legislação, que o próprio Poder Judiciário sequer sabe como as novas medidas deverão ser adequadamente implementadas”, argumentou o ministro. Sua decisão agradou o ministro da Justiça, Sergio Moro, mas contrariou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e reaviva a tensão entre os poderes Legislativo e Judiciário.
Após ser aprovada, sancionada e adiada, a criação do juiz de garantias foi, enfim, suspensa por tempo indeterminado nesta quarta-feira. O ministro Luiz Fux, atualmente vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu paralisar a implantação da inovação, revogando decisão liminar da semana passada do presidente da Corte, Antonio Dias Toffoli, que havia dado seis meses de prazo para a entrada em vigor da medida. “Observo que se deixaram lacunas tão consideráveis na legislação, que o próprio Poder Judiciário sequer sabe como as novas medidas deverão ser adequadamente implementadas”, argumentou o ministro. Sua decisão agradou o ministro da Justiça, Sergio Moro, mas contrariou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e reaviva a tensão entre os poderes Legislativo e Judiciário.
O despacho de Fux, que é relator de quatro ações que tratam
do assunto, foi expedido dias após ele ter assumido o comando interino do
Supremo —que está em recesso— no lugar de Toffoli. O vice-presidente do Supremo
derrubou liminar que havia sido concedida pelo presidente da Corte sobre o
tema. “O resultado prático dessas violações constitucionais [como o ministro
classifica as medidas aprovadas pelo Congresso
Nacional] é lamentável, mas clarividente: transfere-se indevidamente ao
Poder Judiciário as tarefas que deveriam ter sido cumpridas na seara
legislativa”, escreve Fux em sua decisão.
A figura do juiz de garantias está prevista no pacote
anticrime aprovado pelo Congresso Nacional ―recentemente sancionado pelo presidente
Jair Bolsonaro― apesar de sugestão em contrário do ministro
da Justiça, Sergio Moro, que já tinha se posicionado contra a medida. Ela
estabelece que o juiz responsável por instruir e conduzir um inquérito criminal
não será o mesmo que julgará o processo criminal do mesmo caso. “Sempre disse
que era, com todo respeito, contra a introdução do juiz de garantias no projeto
anticrime”, escreveu Moro nesta quarta em seu perfil no Twitter.
“Cumpre, portanto”, segue o ministro, “elogiar a decisão do
Min Fux suspendendo, no ponto, a Lei 13.964/2019. Não se trata simplesmente de
ser contra ou a favor do juiz de garantias. Uma mudança estrutural da Justiça
brasileira demanda grande estudo e reflexão. Não pode ser feita de inopino.
Complicado ainda exigir que o Judiciário corrija omissões ou imperfeições de
texto recém-aprovado, como se fosse legislador positivo. Excelente ainda a
ideia de realização de audiências públicas na ação perante o STF, o que na
prática convida a todos para melhor debate”, finalizou Moro, destacando como
Fux pretende reabrir o debate legislativo, desta vez no âmbito jurídico.
“Desnecessária e desrespeitosa”
Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, protestou. “Acho
que a decisão do ministro Fux é desnecessária e desrespeitosa com o Parlamento
brasileiro e com o Governo brasileiro, com os outros Poderes”, disse ao
jornal Folha de S.Paulo. “Não podemos entrar em fevereiro com uma
boa expectativa de crescimento, com o STF dando uma sinalização muito ruim para
o Brasil e para os investidores estrangeiros no nosso país”, reclamou o
presidente da Câmara. Segundo Maia, contudo, “o principal atacado hoje” pela
decisão de Fux foi Dias Toffoli. “Eu confio no STF, confio nos seus ministros e
confio principalmente na presidência do presidente Dias Toffoli, que na sua
volta [do recesso] eu tenho certeza de que vai restabelecer a normalidade na
relação de equilíbrio entre os Poderes”, finalizou Maia.
Na decisão em que derrubou a liminar de Toffoli, Fux disse
que é preciso esperar uma análise do plenário do Supremo sobre o caso. “Nesse
ponto, salvo em hipóteses excepcionais, a medida cautelar deve ser faticamente
reversível, não podendo produzir, ainda que despropositadamente, fato consumado
que crie dificuldades de ordem prática para a implementação da futura decisão
de mérito a ser adotada pelo tribunal, qualquer que seja ela”, escreveu. “A
essência desta corte repousa na colegialidade de seus julgamentos, na
construção coletiva da decisão judicial e na interação entre as diversas
perspectivas morais e empíricas oferecidas pelos juízes que tomam parte das
deliberações. Por isso mesmo, entendo que a atuação monocrática do relator deve
preservar e valorizar, tanto quanto possível, a atuação do órgão colegiado”,
completou.
Não é a primeira vez que o STF suspende e se debruça sobre
uma legislação aprovada pelo Congresso Nacional, mas a nova tensão vem em um
momento em que os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário iam conseguindo
pacificar uma relação bastante conturbada nos último meses. Maia lembrou nesta
quarta-feira que foi Toffoli o responsável por essa pacificação.
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