Denúncia contra Greenwald irá para a lata do lixo
Abuso de autoridade
Está com os dias contados a decisão do procurador Wellington
Divino Marques de Oliveira de denunciar o jornalista Glenn Greenwald como
“partícipe” nos crimes de invasão de dispositivos informáticos, monitoramento
ilegal de comunicações de dados e associação criminosa no caso das conversas
entre os procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro publicadas pelo site
The Intercept Brasil, VEJA, Folha de S. Paulo e o jornal El País.
Cabe ao Supremo Tribunal Federal, tão logo chegue ali uma
reclamação da defesa do jornalista, manter ou mandar arquivar a denúncia. Se a
reclamação for apresentada de imediato, o ministro Luiz Fux, de plantão durante
as férias de fim de ano dos seus colegas, arquivará a denúncia contra
Greenwald. Se a reclamação só der entrada no tribunal em fevereiro, o ministro
Gilmar Mendes procederá da mesma forma.
Mesmo que Fux rejeitasse a reclamação da defesa, a última
palavra seria de Gilmar. Porque em agosto último, o ministro decidiu que as
autoridades públicas e seus órgãos de apuração se abstivessem de “praticar atos
que visem à responsabilização do jornalista Glenn Greenwald pela recepção,
obtenção ou transmissão de informações publicadas em veículos de mídia, ante a
proteção do sigilo constitucional da fonte jornalística”.
O indiciamento de Greenwald pelo procurador Marques de Oliveira
afronta a decisão de Gilmar, como o próprio ministro admitiu, ontem, em
conversa com um amigo por telefone. Gilmar está em Lisboa, onde tem um
apartamento. Voltará a Brasília daqui a uma semana. Afronta também decisões
tomadas pelo Supremo Tribunal que garantem o sigilo das fontes jornalísticas de
informação. Sem o sigilo, não haveria liberdade de imprensa.
De resto, a Polícia Federal investigou o hackeamento das
conversas entre autoridades da Lava Jato e não encontrou evidências que possam
incriminar Greenwald. Por qualquer ângulo que se examine, a peça do procurador
Marques de Oliveira simplesmente não se sustenta. Seu destino será o lixo da
História.
Entrevista de Moro no Roda Viva desagradou a Bolsonaro
Pisadas na bola
É difícil agradar ao presidente Jair Bolsonaro. Por mais que tenha se esforçado para isso, o ministro Sérgio Moro, da Justiça, não conseguiu completamente ao longo de uma hora e meia de entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
É difícil agradar ao presidente Jair Bolsonaro. Por mais que tenha se esforçado para isso, o ministro Sérgio Moro, da Justiça, não conseguiu completamente ao longo de uma hora e meia de entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
Bolsonaro não gostou dos comentários de Moro em relação a
três assuntos, pelo menos: juiz de garantias, a demissão do filonazista Roberto
Alvim da Secretaria de Cultura e o combate à corrupção.
Moro criticou a criação da figura do juiz de garantias,
destinado a conduzir processos criminais, cabendo a um segundo juiz apenas
sentenciar o réu. Bolsonaro sancionou o que o Congresso aprovara.
O ministro disse ter dado sua opinião a Bolsonaro sobre o
episódio protagonizado por Alvim, que plagiou parte de um discurso do mago da
propaganda nazista, o alemão Joseph Goebbels.
E acrescentou ainda que aprovou a decisão do presidente de
demiti-lo porque a situação de Alvim se tornara “insustentável”. Bolsonaro
achou que Moro foi muito além dos seus chinelos.
Ministro existe para auxiliar e aconselhar presidente. Não
para julgar suas decisões, segundo Bolsonaro. Muito menos para revelar mais
tarde que o aconselhou nessa ou naquela direção.
Por último, a corrupção. Nas respostas dadas, Moro teria se
se colocado como o elemento central do combate à corrupção, diminuindo o papel
do governo e do próprio Bolsonaro.
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