O governo parece que deu um novo passo. A entrevista
coletiva sobre o coronavírus não é apenas do Ministério da Saúde. Foi criado um
comitê para gerir a crise, dirigido pelo general Walter Braga.
Esse comitê até hoje não tinha dado as caras. Zero
entrevistas. Como gerir uma crise, sem se comunicar?
O Ministério da Saúde dava as entrevistas diárias.
Aparentemente bastava, afinal o corona vírus é um problema de saúde.
Mas a verdade é que se trata de um problema tão vasto que
envolve várias dimensões do governo. Uma delas, obviamente, é o de
infraestrutura que precisa garantir o fluxo de alimentos e remédios e
equipamentos médicos. O outro é a da economia que precisa proteger os trabalhadores
e empresas para que não sucumbam.
A grande lacuna é a presidência. Bolsonaro tornou-se uma
figura decorativa. Ele subestima a pandemia, é um símbolo internacional do
negacionacionismo.
A luta contra o vírus pede unidade. Não tem sentido brigar
agora. No entanto, a unidade só pode se fazer em torno de uma posição ditada
pela ciência, aceita e aplicada internacionalmente por todos os países.
O Twitter apagou dois posts de Bolsonaro, assim como tinha
feito com Maduro que andou propaganda poções mágicas contra o vírus.
Mesmo sem brigas, a luta será difícil. Vi um vídeo mostrando
como os profissionais de saúde se protegem na Coreia do Sul: um
superequipamento.
Será o que temos aqui em quantidade? Mandetta garante que
está tudo sendo comprado. Leio notícias inquietantes na imprensa: ora sobre a
contaminação de médicos em Volta Redonda, ora sobre escassez de equipamentos de
proteção pessoal no Albert Einstein.
Porisso, de todas as inúmeras campanhas voluntárias que
surgiram no Brasil, destaco a importância das que visam proteger os
profissionais de saúde, com equipamentos e infraestutura de repouso.
Estamos em guerra contra o corona vírus, dizem todos. Mas
quem vai para trincheiras são os médicos e profissionais de saúde.
Quem por acaso comprou máscaras N95 deveria doar para
eles e se virar com máscaras caseiras.
Todos nos concentramos nos leitos de UTI. São vitais, assim
como os respiradores. Mas se os médicos e profissionais de saúde adoecerem?
No artigo do Globo de hoje, está disponível na página,
esbocei apenas um problema que pretendo discutir no futuro, embora se fale nele
nos EUA hoje e esteve presente na Itália: quem dever morrer primeiro?
Antes dele, talvez valha a pena conversar sobre morte digna,
o que significa isto, que protocolo deve ser seguido nesse caso? Velórios já
foram suprimidos, enterros possivelmente o serao.
O caso do consul do Suriname que morreu à mingua no Hospital
Rio Mar não pode ser esquecido. A polícia abriu um inquérito, mas é necessário
mais: um protocolo rígido sobre como tratar as pessoas nos seus últimos
momentos.
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