Líderes políticos deveriam olhar para a novidade na paisagem
urbana: pessoas confinadas em casa têm ido às janelas agradecer aos
trabalhadores de saúde e de serviços básicos -médicos, enfermeiros, lixeiros,
os “caras”da água, luz, internet e tv, feirantes e entregadores, entre outros.
As manifestações espontâneas se repetem, como em outros
países. Trazem a mensagem do desejo comum de reinvenção do futuro sem repetir o
passado enterrado no último Carnaval, três semanas atrás.
O novo vírus zerou o mundo, expondo o espetacular fracasso
na saúde, no saneamento e na distribuição da renda. Os prejuízos acumulados,
certamente, já superam a soma de meio século de cortes nos orçamentos da
higienização da vida em sociedade, desinvestimentos em ciência, tecnologia e
inovação e transferências induzidas de renda dos pobres.
Prevalece o pavor pesaroso com o flagelo da doença, morte e
desemprego, num cenário de paralisia de líderes como Jair Bolsonaro, Donald
Trump e o mexicano Manuel López Obrador. Ególatras, falam demais, e, até agora,
foram incapazes de mapear uma rota para o amanhã. Ocultam fiascos, como o de prover
testes rápidos e abrangentes para limitar a pandemia. Vagueiam na irrelevância
(Bolsonaro, abraçado a uma oposição sem alternativa até de liderança).
Sábado, a XP (R$ 409 bilhões em ativos) reuniu Rubens Menin
(MRV), André Street (Stone), Benjamin Steinbruch (CSN), Wilson Ferreira Júnior
(Eletrobrás) e Pedro Guimarães (Caixa). Estavam perplexos com os riscos de
colapso em saúde, internet, água e luz, e com a depressão — James Bullard (Fed
St. Louis) fala em até 30% de desemprego nos EUA. Street, da Stone, contou que
seus clientes, pequenas e médias empresas, só têm capital para 27 dias. Mas a
burocracia segue, mostra a Receita com os prazos do Imposto de Renda.
Líderes em Brasília e nos estados deveriam ouvir os
confinados, sair da letargia e reconstruir tudo, rápido. Talvez, até entoando o
mantra do cientista Alan Kay: “A melhor maneira de prever o futuro é
inventá-lo.”
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