“Os chineses têm que comer”, disse o ministro Paulo Guedes.
Ou seja, quem produz comida estaria fora da crise, sugere o economista, olhando
para as grandes lavouras brasileiras que hoje são um dos principais celeiros do
mundo, como se dizia no passado para definir os países agrícolas.
Enquanto o coronavírus vai parando fábricas e serviços pelo
mundo afora, seis bilhões de pessoas abrem a boca a cada seis horas para
ingerir alguma coisa, enquanto, sem tanta frequência, outro um bilhão e pouco,
os famintos, segundos as estatísticas, ficam olhando de longe, mas, em algum momento,
também terão de mastigar o que for. Daí o pragmatismo do ministro: quem tem
comida para vender estará melhor do que os demais, neste jogo absurdo do
perde-perde.
Economia desorganizada
A crise dos mercados dá uma pista do que está por vir do
lado econômico. Mesmo que não dizime a população do planeta Terra, o
coronavírus já demonstrou força para desorganizar as cadeias de produção,
botando em colapso indústria e serviços.
É a fábrica que desliga as máquinas, para não juntar gente
num mesmo ambiente, ou o turismo e o laser (até o futebol está em perigo) que
botam por terra o setor terciário da economia. Recessão e desemprego no radar.
A queda das bolsas corrobora a sensação de que os lucros
irão por água abaixo. Quem vive de dividendos, no mundo inteiro, está fugindo
dos investimentos, procurando ativos de raiz, como o dólar norte-americano, por
exemplo, que, supõem os precavidos, será o último refúgio.
Uma pista desse salve-se-quem-puder é o arranca-rabo entre
Arábia Saudita e Rússia, os maiores produtores de petróleo, o termômetro do
mundo, cada qual querendo tirar sua casquinha na crise, demonstrando que
ninguém espere que a cooperação entre países e governos irá muito além da boa
vontade e das palavras moderadas dos médicos da OMSB (Organização Mundial de
Saúde).
Os magnatas estão se estapeando, cada qual querendo salvar o
seu. Até as coisas voltarem ao normal, muita água vai correr.
A ameaça do vírus é dramática. Todos têm medo da morte
traiçoeira. O micróbio assassino é a força invencível que veio disciplinar a
humanidade nos próximos meses.
Até quando?
O terror dessa ameaça invisível vai paralisar fábricas,
fechar negócios, desorganizar o planeta até que o bichinho cumpra seu ciclo e
seja incorporado às nossas defesas naturais. Até lá, talvez mate uma só pessoa
ou bilhões, mas ele será o bicho-papão atrás da cortina.
Como já se sabe pela História, lembrando das epidemias do
passado pré-científico, a peste é um horror. Depois que se descobriram as
vacinas e outros remédios, o pavor diminuiu, até quase desaparecer.
Voltaram a surgir micro-organismos terríveis, mas logo os
cientistas encontraram a tempo uma forma de vencê-los. Desta vez parece que os
doutores estão jogando a toalha. O vírus espalha-se rapidamente, diferentemente
daqueles outros que ficaram nos confins da África ou em regiões remotas do
planeta. Bateu no Vaticano. Nem o Papa está livre.
Ricos, pobres, gordos e magros. Não importa que seja de
vegano ou carnívoro, o estômago ronca. Espertamente, Guedes conta com isto para
aumentar o preço no seu armazém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário