As gravíssimas informações dadas por Paulo Marinho à
jornalista Mônica Bergamo, da Folha, têm potencial explosivo e dependem agora
da boa vontade das autoridades em investigá-las.
Marinho era do núcleo duro da campanha de Jair Bolsonaro, e
a riqueza de detalhes sobre o vazamento do caso Queiroz, com nomes, datas e
locais, dá verossimilhança à sua narrativa. Há pistas de sobra para quem quer
de fato apurar seu relato.
Por outro lado, se essa história for verdadeira, Marinho
ajudou Flávio naquela época, calou-se por longo período e só decidiu contar o
que sabe após virar adversário político da família Bolsonaro. Não tem bobo nem
santo aí, até porque Marinho, como suplente do senador, tem interesse direto
numa eventual derrocada do mandato do 01 de Bolsonaro.
Além de desgastar obviamente Flávio, as afirmações do
ex-aliado jogam luz sobre a vitória de Bolsonaro no segundo turno da eleição de
2018. Segundo Marinho, ao ser informado por um delegado da Polícia da Federal
da operação Furna da Onça, em plena campanha, Flávio avisou o pai, então
candidato à Presidência da República.
De acordo com sua versão, o postulante ao Planalto não só
soube da operação como sugeriu a demissão do alvo principal dela, Fabricio
Queiroz, que trabalhava no gabinete do 01 na Assembleia do Rio, e de sua filha.
Em um exercício de suposição, o que poderia ter ocorrido
naquela disputa se a PF não adiasse a ofensiva? Bolsonaro venceu ciente de que
o gabinete do filho estava sendo investigado? E ajudou a encobrir provas?
A entrevista de Marinho se soma às acusações de Sergio Moro
de que Bolsonaro quer interferir na PF para influenciar em sua atuação no Rio.
Outros depoimentos do inquérito aberto pelo STF corroboram
essa narrativa.
O obstáculo para as investigações no Supremo tem um nome: Augusto
Aras, chefe da PGR.
Ele não esconde nos bastidores que não vê crimes por parte de Bolsonaro. No que depender de Aras, o inquérito vai para o arquivo. Nesses mesmos bastidores de Brasília, ele até já ganhou um apelido: advogado-geral da República.
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