No momento em que chegamos aos cinco milhões de atingidos
pelo coronavírus, não deixo de me assombrar com o fato de tudo ter começado com
uma estranha refeição. Alguém comeu um bicho na China e o planeta estremece.
Todos nós já fizemos refeições mais ou menos indigestas. No
mínimo, ficamos com aquela cara de “acho que foi alguma coisa que comi”.
Mas quem comeu o pingolim que por sua vez deve ter comido um
morcego, estava devorando milhares de vidas, sonhos e o próprio futuro de parte
da humanidade. Foi a refeição mais cara da história, se as coisas se passaram
assim como costumam descrever.
Aqui no Brasil, houve uma reunião amena entre Bolsonaro e
governadores. Isso mesmo: amena. Algo bastante raro nesse lado do mundo. O
governo federal vai passar dinheiro para os estados. E todos se comprometem a
não aumentar salário do funcionalismo.
Interessante que em alguns países, o sacrificio começa de
cima. Na Nova Zelândia, a primeira ministra Jacinda Arden, reduziu seu
salário e dos ministros. Aqui os políticos pedem um sacrificio necessário mas
se esquecem de entrar com sua parte.
A polícia do Rio matou mais um jovem. Dessa vez, na Cidade
de Deus, num momento em que um grupo entregava cestas básicas para a
comunidade. É preciso parar isso.
Em Brasilia, a polícia entrou num condomínio e prendeu
dois homens que faziam terror contra juízes e desembargadores. Diziam que iam
matar todo mundo, inclusive familiares. E falavam em nome do general Walter
Braga, que seria o homem responsável por uma intervenção militar.
Tudo mentira. São extremistas de direita, usando o nome do
general. Foram presos tão suavemente que nem seu nome foi divulgado.
O conceito de direitos humanos varia de lugar para lugar, é
pleno nas áreas mais ricas e desaparece nas áreas mais pobres.
Hoje em Niterói as pessoas puderam se exercitar um pouco na
rua e nas praias. Dizem que o processo é organizado e há restrições por idade.
Sonho com uma volta na Lagoa. Sempre fazia isso de bike ou
mesmo a pé. Tenho centenas de fotos da Lagoa. Na minha conta no Instagram
compartilho meu trabalho fotográfico. A Lagoa está sempre presente.
A gente sempre tem melhores resultados nos lugares que
conhecemos e amamos.
Tenho caminhado em casa. Mas creio que na primeira volta, de
oito quilômetros as pernas vão sentir um pouco.
Em Niterói, a abertura parece que tem restrições aos mais
velhos.
Isso me preocupa. Se o exercício for permitido,
gradativamente, por faixa de idade, creio que somente no final do ano chegará a
vez de quem está pelos 80.
Quando a gente era muito novo, os meninos trapaceavam na
idade para ver filmes proibidos. Se demorar muito a liberação, sinto-me tentado
a trapacear de novo, dessa vez reduzindo a idade para sentir o ar puro,
ouvir os bentevis e algumas maritacas que pousam perto do Abricó de Macaco.
Aliás, fotografo o Abricó de Macaco desde os botões até as
flores maduras. É uma árvore linda que veio da Guiana para o Jardim Botânico e
algumas sementes escaparam para a Lagoa.
Ainda não descobri exatamente como.
Mas com tanto pássaro vindo de lá para cá, para mim são os maiores suspeitos.
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