Hoje, Bolsonaro reuniu empresários e resolveu caminhar até o
Supremo para falar de coronavírus. Na verdade, falar da volta às atividades
econômicas.
Foi uma caminhada inútil, se abstrairmos o lado da
propaganda. Tofolli que é o presidente do STF foi surpreendido com a visita.
Não estava na agenda. Foi muito mais surpreendido com o fato de estarem
transmitindo ao vivo.
No encontro, ficou claro que a caminhada do presidente era
inútil. Não estava no STF a solução de seu problema e sim nele mesmo,
Bolsonaro.
Compete ao presidente articular estados e municípios na luta
contra o covid-19 e também organizar os planos de retomada da economia.
Ontem, Angela Merkel estava precisamente fazendo isso, num
encontro com todos os governos locais.
Todos os países que saem da quarentena partem de dados,
número de casos, disponibilidade dos hospitais, capacidade de fazer testes. Com
bases nesses dados, determinam as fases da abertura, que será concluída
amplamente com a chegada da vacina.
Até a chegada da vacina é preciso redesenhar a atividade nas
escolas, restaurantes, fábricas, escritórios. Sobretudo é preciso de muita
vigilância e flexibilidade para voltar atrás quando necessário.
Bolsonaro numa de suas falas já deu a entender que o vírus é
apenas uma gripe. Ele queria que tratássemos o vírus como homens, acredito que
quis dizer com coragem, ignorando a coragem das mulheres.
Um casal de seguidores na internet provocava as pessoas que
ficam em casa: vão apodrecer com medo do coronavirus.
Essas bravatas diante de um adversário invisível são
compreensíveis. Mas não levam a nada.
O descuido com a presença do vírus está nos levando a número
muito altos de contaminação e morte.
Muito possivelmente teremos lockdown no Rio, seguindo o
exemplo do Maranhão e do Pará. Em São Paulo fracassou a tentativa de bloqueio
de ruas.
Vi na rede também as pessoas brincando com expressão inglesa
lockdown. Uma delas dizia que iam colocar esse nome nas crianças .
Possivelmente no futuro teremos um craque de futebol chamado Lockdown.
Acho interessante que não se perca o humor. Mas é impossivel
perder também o sentido da tragédia que se abate sobre o Brasil. Segundo alguns
pesquisadores já estamos superando os EUA se levarmos em conta as
subnotificacões. É algo dificil de comprovar. Os números oficiais já bastam.
Infelizmente só nos resta advertir.
Não nos preparamos adequadamente para combater o virus com
uma politica nacional e solidária. Sofremos um duro golpe. Não nos preparamos
para a transição e muito possivelmente vamos levar um novo golpe.
Estamos sendo vítimas de nossa cultura de improvisação, uma grande aliada do vírus.
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