Essenciais na linha de frente do combate à Covid-19 em todo
o mundo, enfermeiros e enfermeiras enfrentam desafio extra no Brasil.
Os dados mais recentes do Conselho Federal de Enfermagem
apontam que as mortes desses profissionais oficialmente confirmadas e suspeitas
somam 108 no país, com 4.128 contaminados até 12 de maio, a maior parte em São
Paulo.
Trata-se de números que não podem ser tidos como normais,
mesmo em tempos de pandemia.
O Brasil responde por 38% dos óbitos globais dessa
categoria, segundo o Conselho Internacional dos Enfermeiros. Nesse quesito
supera, inclusive, os EUA, onde o total de casos fatais na população é maior
que o nosso —mas não mais de 27 médicos e enfermeiros foram levados pela
doença.
Os dados alarmantes refletem a constante insegurança
ocupacional a que são submetidos esses profissionais no país. Enquanto sobe a
curva de contaminação pelo novo coronavírus, permanece a precariedade das condições
de trabalho no setor de saúde —resultante de restrições orçamentárias, sim, mas
também de gestão deficiente.
No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, enfermeiros estão
entre os servidores da saúde que continuam trabalhando sem receber salários em
diversas unidades.
Com análises caso a caso, a categoria mereceria constituir
exceção na correta proposta do governo federal de suspensão de reajustes de
vencimentos do funcionalismo —uma contrapartida necessária ao socorro
financeiro da União aos governos subnacionais.
Há mais problemas a enfrentar além da remuneração, contudo.
Faltam ainda aos profissionais de enfermagem, em muitos locais, o mínimo
essencial para o combate à pandemia, como o acesso a máscaras de proteção e
outros equipamentos de proteção individual.
Outras medidas devem incluir escalas de trabalho que isolem,
na medida do possível, as unidades de atendimento de casos suspeitos ou
confirmados de Covid-19 das demais, para evitar contaminação.
Colocar enfermeiros e enfermeiras sob maior ameaça tão
somente contribuirá para o agravamento da crise sanitária já instalada.
Protegê-los se faz essencial na pandemia, mas também depois dela.
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