Após um ano de Abraham Weintraub à frente do Ministério da
Educação, confirmam-se os piores prognósticos. Findos tumultuosos três meses de
Ricardo Vélez Rodríguez no comando da pasta, deveria ser imprescindível dar
ordem a esse setor crucial para o desenvolvimento do país, mas o substituto
parece empenhado no oposto.
Hiperativo Weintraub tem se mostrado, porém mais nas redes
sociais do que no MEC. O ministro se esmera em adular o presidente Jair
Bolsonaro e de volta recebe agrados como a menção no profuso e confuso
pronunciamento do chefe no dia 24 de abril, depois da queda de Sergio Moro
(Justiça).
Movido por fanatismo, Weintraub declarou guerra ao nível de
ensino sobre o qual o governo central tem jurisdição, o superior. No flanco
folclórico, dedicou-se a acusar as universidades federais de acoitar marxistas,
plantações de maconha e pesquisas inúteis. No administrativo, asfixia-as.
Após cortar-lhes verbas para pesquisa, o antigo professor
universitário de anônima carreira promoveu mudanças polêmicas nas bolsas da
Capes, principal agência de fomento à pós-graduação e à formação de quadros
para o magistério, reduzindo em 17% os estipêndios das demonizadas humanidades.
No plano do ensino fundamental e médio, destaca-se pela
omissão no debate sobre a renovação do Fundeb, essencial para financiar a
educação básica. Nem em suas postagens se bate pelo fundo, dedicando-lhe 0,6%
das manifestações em que privilegia ataques descabelados como o dirigido à
China, que lhe rendeu um inquérito
no Supremo Tribunal Federal para apurar crime de racismo.
Esse nível basilar do ensino compete aos governos municipais
e estaduais, mas o MEC mantém os secretários de área no escuro quanto às
políticas e iniciativas federais. Da merenda em tempos de pandemia às mudanças
na alfabetização, gera mais atrito do que coordenação com essas esferas
administrativas.
Weintraub havia prometido o melhor Enem de todos os tempos,
ciente da importância que essa porta de acesso às universidades federais
adquire nas vidas de jovens. O que se viu em 2019 foi uma trapalhada nas
correções da prova, para não mencionar percalços persistentes até hoje em licitações
para a gráfica encarregada da impressão.
Por onde quer que se contemple a presença de Weintraub no
MEC, uma conclusão se impõe: falta educação nas ações do ministro.
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