No domingo (3), Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, numa
sucessão de eventos que infelizmente se tornam habituais no Brasil, um punhado
de celerados se reuniu em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, para
defender, entre outras coisas, o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal
Federal e uma intervenção militar.
Mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro achou por bem
juntar-se aos manifestantes e gritar palavras de ordem que os legitimam. Ele
sabe que as bandeiras afrontam a Constituição, mas não se importa. É o agitador
de sempre, o antiestadista, o eterno deputado medíocre do baixo clero.
De novo, entre as sandices proferidas pelo atual ocupante do
cargo máximo do Executivo brasileiro, estavam ataques ao jornalismo. A prática
de Bolsonaro é macaqueada de seu inspirador norte-americano, Donald Trump, que
já definiu a imprensa norte-americana como “inimiga do povo”, uma expressão
popularizada, ironia das ironias, pelo ditador comunista Josef Stálin na União
Soviética.
Palavras têm consequências. Mais ainda se ditas e repetidas
por líderes políticos.
No mesmo ato de domingo, um repórter-fotográfico do jornal O
Estado de S. Paulo e o motorista que o ajudava na cobertura foram agredidos com
chutes (pelas costas), murros e empurrões. Profissionais da TV Globo, do portal
Poder 360 e desta Folha também sofreram ataques físicos ou verbais.
Algo semelhante havia ocorrido no dia anterior em Curitiba,
durante o depoimento do ex-ministro da Justiça Sergio Moro na sede da Polícia
Federal, a partir de acusações que implicam o presidente em crimes de
responsabilidade.
Bolsonaristas que antes inflavam balões com o rosto do
ex-juiz agora o ofendiam com impropérios —e atacavam a imprensa. Um
cinegrafista de uma afiliada da TV Record teve a câmera empurrada.
Ao saber do ocorrido no domingo, Bolsonaro respondeu: “Pessoal da Globo vem aqui falar besteira. Essa TV foi longe demais”.
Ao saber do ocorrido no domingo, Bolsonaro respondeu: “Pessoal da Globo vem aqui falar besteira. Essa TV foi longe demais”.
A fala infelizmente é coerente com a prática. Levantamento
feito pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) mostra que nos primeiros
quatro meses de 2020 o presidente investiu contra a imprensa 179 vezes, 38
delas só em abril.
O protesto do fim de semana teve como gatilho uma decisão de
ministro do STF que impediu Bolsonaro de nomear um apaniguado como
diretor-geral da Polícia Federal, que investiga Bolsonaro e família. Trata-se
do sistema de freios e contrapesos de um regime democrático em funcionamento.
Uma imprensa livre e independente faz parte desse sistema.
Ela seguirá vigilante, apesar das agressões da marcha dos covardes.
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