Todos os militares são eleitores, do soldado/marinheiro ao
general-de-exército/brigadeiro/almirante. E todos votam com total liberdade de
escolha nos seus candidatos e partidos de preferência. É o exercício da
cidadania, na mais absoluta liberdade. É um dos pontos altos da democracia. É
quando cada cidadão, em seu voto e por seu voto, vale o mesmo, independente de
qualquer consideração de classe social, credo, etnia, etc. Mas a democracia é
mais que isso. É também o funcionamento harmônico das instituições. É também a
liberdade de imprensa e de associação. É também um processo coletivo de
construção, a partir da diversidade da nossa sociedade, de um país mais justo,
próspero e tolerante.
Na cultura militar, não existe propaganda nem discussão
política sobre preferência de candidatos e partidos dentro dos quartéis. Quando
o cidadão coloca a farda e representa a instituição, ele tem compromisso
institucional e constitucional. Seu compromisso é com a nação.
As Forças Armadas são instituições permanentes do Estado
Brasileiro e não participam nem se confundem com governos, que são passageiros,
com projetos de poder, com disputas partidárias, com discussões e disputas
entre Poderes ou autoridades, que naturalmente buscam definir seus espaços e
limites. No jogo político, muitas vezes os atores são levados por interesses de
curto prazo, influenciados por emoções, limitados por suas convicções. Isso é
normal no ambiente democrático.
O militar da reserva, seja qual for a função que ocupa, não
representa a instituição militar. O desempenho de qualquer função, quando
o militar está na reserva, é de responsabilidade pessoal. As instituições
militares são representadas pelos seus comandantes, que são pessoas de longa
vida militar e passaram por inúmeras avaliações durante a vida profissional,
seguramente escolhidos entre os melhores do seu universo de escolha. O processo
seletivo acontece em todos os níveis, desde a escolha de soldados para o Curso
de Formação de Cabo até a promoção para general-de-exército. A estrutura
hierárquica e a conduta disciplinar são baseadas no exemplo, no respeito, na
liberdade de expressão e na união de todos. A união é que realmente faz a
força. Mesmo com orçamento reduzido, basta entrar em qualquer instalação para
ver a educação, a dedicação e o zelo com que o patrimônio público é mantido e
administrado.
As Forças Armadas estão presentes na história do Brasil, na
defesa da pátria, na pacificação do país, na educação, na ciência, na
construção, no desenvolvimento, etc, e até mesmo na política, em tempos
passados, com todos os riscos, responsabilidades e desgastes inerentes a isso. Não
por acaso, foi justamente no regime militar que as FA decidiram, acertadamente,
sair da política e ater-se ao profissionalismo de suas funções constitucionais.
As FA também são responsáveis por terem contribuído para o Brasil, com todos os
problemas que temos, ser um dos dez maiores países do mundo. O país evoluiu e
as Forças Armadas continuam presentes na defesa da pátria, nas diversas
situações em que são chamadas para auxiliar a população em emergências e
em apoio a algumas políticas de governo. Suas tarefas estão estabelecidas na
Constituição – defender a pátria e garantir os poderes constitucionais, a lei e
a ordem. O prestígio e a admiração que a sociedade lhe dedica foram construídos
com sacrifício, trabalho e profissionalismo.
Nesse período, a democracia brasileira evoluiu e se
consolidou. Temos um governo e um Congresso legitimamente eleitos, e as
instituições funcionando. Os Poderes não são perfeitos, como é normal. Nunca
serão, já que são feitos de homens, não de anjos. Democracia se faz com instituições
fortes, buscando permanentemente o seu aperfeiçoamento. No Brasil, existe
legislação que permite o aperfeiçoamento das instituições e práticas políticas.
As discordâncias e conflitos não estão impedindo o funcionamento das
instituições. A busca da harmonia é obrigatória aos três poderes. É uma
obrigação constitucional. As diferenças, o jogo de pressões e as tensões são
normais na democracia e as disputas precisam ocorrer em regime de liberdade, de
respeito e dentro da lei. Por isso mesmo, a Constituição Federal se sobrepõe
aos três Poderes da República, para limitar seu emprego, para disciplinar
seu exercício. É nesse processo que os três poderes moderam sua atuação,
encontram seus limites e definem as condições de emprego dos demais instrumentos
do Estado, inclusive as Forças Armadas, na implementação de políticas públicas.
A Forças Armadas, por serem instituições de Estado, não
devem fazer parte da dinâmica de assuntos de rotina política. A dinâmica de
governo não é compatível com as características da vida militar. Os militares
são unidos, os comandantes são preparados, esclarecidos e mantêm o foco na sua
missão constitucional.
As FA são instituições que não participam de disputas
partidárias, de assuntos de rotina de governo, de assuntos do “varejo”.
Nas últimas décadas, as FA cruzaram momentos de
hiperinflação, impeachment de presidentes, escândalos de corrupção, revezamento
de governos com características diversas, sempre com posicionamento
profissional, auxiliando a população, atentas à sua destinação constitucional,
contribuindo para o prestígio internacional do país. É um histórico de orgulho
do povo brasileiro e das próprias instituições. Por isso mesmo, creio que não
se deixarão tragar e atrair por disputas políticas nem por objetivos pessoais,
de grupos ou partidários.
Acenos políticos não arranham esse bloco monolítico que é formado por pessoas esclarecidas e idealistas, comprometidas com o Estado e com a nação, que integram uma das instituições mais admiradas pelo povo brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário