Dois sentimentos me tomaram de assalto (ops!) depois que
Jair Bolsonaro transformou Valdemar Costa Neto, Roberto Jefferson e
assemelhados em heróis da resistência. Primeiro, me bateu uma saudade do
dinheiro que pago em impostos federais. Depois, tive uma certa apreensão.
Angustia-me a certeza de que jamais verei o meu dinheiro. E a incerteza quanto
ao seu futuro.
Nunca se sabe o que pode acontecer ao dinheiro da gente
depois que ele é enviado pelo Fisco para os cofres do Tesouro. Enquanto está lá
dentro, tudo bem. Claro que sempre há o risco de o meu dinheiro, mirrado, topar
com o dinheiro do Paulo Guedes, taludo. Ou do Jorge Paulo Lemann, ainda mais
parrudo. Entretanto, a humilhação do convívio não é nada perto da falta de
critério na saída.
Ali, na boca do caixa, meu dinheiro tanto pode ir para um
leito hospitalar como para os gastos secretos dos cartões corporativos do
Bolsonaro. Ou para um apadrinhado qualquer do centrão. Depois que um preposto
do Valdemar levou uma diretoria do Fundo Nacional de Educação, até a merenda
escolar e o livro didático tornaram-se refúgios de alto risco.
Um frio correu-me a
espinha ao saber que o deputado Wellington Roberto (PL-PB) é, por assim dizer,
sócio de Valdemar na indicação do advogado Garingham Amarante Pinto para a
Diretoria de Ações Educacionais do FNDE, um fundo com orçamento de formidáveis
R$ 52 bilhões.
Wellington integrou a
milícia parlamentar do notório Eduardo Cunha. Adepto do 'Lula livre', o
deputado levou a o rosto à vitrine da web para celebrar a "inocência"
de Lula. Agora, alia-se a Bolsonaro. Imaginei para o meu dinheiro uma vida mais
produtiva. Francamente, não esperava que, depois da Lava Jato, ele fosse correr
tantos riscos.
Sei que não é usual. Mas gostaria que me fosse permitido visitar o meu dinheiro. Ou o que restou dele. Não o quero de volta. Desejo apenas identificá-lo. Não seria tão difícil. É um dinheiro de fisionomia banal, suado. Depois, pediria a Bolsonaro: "Esse aqui, presidente, prefiro que use no vale corona de R$ 600 reais para os brasileiros pobres. Eu sei, eu sei, é pouco. Mas é meu.
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