Por Paulo Roberto
Netto e Rayssa Motta
Geraldo Alckmin é
indiciado por corrupção, lavagem de dinheiro e caixa dois
A Polícia Federal indiciou
nesta quinta, 16, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin,
o ex-assessor da Secretaria de Planejamento do tucano, Sebastião Eduardo Alves
de Castro e o ex-tesoureiro de campanha Marcos Monteiro por corrupção passiva, falsidade
ideológica eleitoral e lavagem de
dinheiro. As investigações foram conduzidas pela Lava Jato a
partir de delações do grupo Odebrecht.
Além das colaborações, a PF obteve documentos, cópia do
sistema de informática da empreiteira, análise de extratos telefônicos e
conversas por Skype e ligações que indicariam a prática de cartel no Metrô de
São Paulo e no Rodoanel, além de oitivas de testemunhas.
O relatório de indiciamento de Alckmin foi enviado ao Ministério
Público Eleitoral, a quem caberá oferecer eventual denúncia contra o
ex-governador e os outros dois citados na investigação.
Delações da Odebrecht
As investigações foram abertas após a delação
de três executivos da Odebrecht, Benedicto Barbosa Junior, Carlos Armando
Paschoal e Arnaldo Cumplido à Procuradoria-Geral da República (PGR), em 2017,
que acusaram repasses de R$ 10,3 milhões do setor de propinas da empreiteira às
campanhas do tucano para o governo do Estado, em 2010 e em 2014. O cunhado de
Alckmin, Adhemar César Ribeiro, teria recebido pessoalmente parte desses
valores.
Os
delatores apresentaram planilhas que apontavam pagamentos de R$ 2
milhões em 2010 para o codinome “Belém”, em referência a Adhemar Ribeiro, e R$
8,3 milhões em 2014 para o codinome “M&M” – referência de Marcos Monteiro,
que teria sido o interlocutor de Alckmin para os repasses à campanha eleitoral.
Nas planilhas, além do codinome M&M, há registro das
datas de entrega, senhas usadas para o recebimento dos valores e referências às
obras Linhas 6 do Metrô e Emissário Praia Grande relacionados aos pagamentos.
Segundo Benjamin Júnior, o propósito dos repasses ‘era a proeminência de
Geraldo Alckmin no cenário nacional, a sua liderança e de seu partido no Estado
de São Paulo’.
“Também era garantir interlocução qualificada na discussão
dos projetos vislumbrados como participação na nova rodada de concessão
rodoviária no estado, novas participações em projetos com parceria da Sabesp e
potenciais novas concessões de trens regionais”, afirmou. Segundo o delator, a
empreiteira teve a oportunidade de discutir antecipadamente tais projetos com o
governo, incluindo modelos de contratação e fontes de financiamento.
O
caso inicialmente havia sido remetido para o Superior Tribunal de Justiça,
mas após a renúncia de Alckmin em 2018 para disputar as eleições presidenciais,
o caso foi remetido à Justiça Eleitoral de São Paulo.
Acesso. Além das delações, a Polícia Federal
solicitou em fevereiro deste ano acesso a provas obtidas pelo Ministério
Público de São Paulo em ação civil pública contra Alckmin, incluindo
áudios de ligações telefônicas e mensagens sobre supostas entregas de dinheiro
do doleiro Álvaro Novis, usado pela Odebrecht para o pagamento de
propinas, com Sebastião
Eduardo Alves de Castro, homem de confiança de Marcos Monteiro e
ex-assessor da Secretaria de Planejamento do tucano.
Os diálogos apontam Sebastião Eduardo Alves de Castro teria
atuado como
intermediário para receber as remessas da empreiteira em 2014.
O Estado revelou em 2018 que áudios entregues pela
Transnacional, empresa de transporte utilizada por Álvaro Nóvis, à Polícia
Federal citam duas entregas que somam R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo a
Sebastião Castro. O destinatário era Marcos Monteiro, tesoureiro da campanha de
Alckmin.
COM A PALAVRA, O EX-GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN
A reportagem busca contato com a defesa do ex-governador Geraldo Alckmin. O
espaço está aberto a manifestações (paulo.netto@estadao.com e
rayssa.motta@estadao.com).
COM A PALAVRA, MARCOS MONTEIRO
A reportagem busca contato Marcos Monteiro. O espaço está aberto a
manifestações (paulo.netto@estadao.com e rayssa.motta@estadao.com).
COM A PALAVRA, A DEFESA DE SEBASTIÃO EDUARDO
“A defesa do Sebastiao Eduardo não teve acesso à decisão de indiciamento e
tomou conhecimento do fato pelas notícias da imprensa. Em primeiro lugar, o
Sebastião nega veementemente qualquer participação em ato ilícito e sua defesa
credita a conclusão da polícia federal ao trabalho atabalhoado realizado, em
que elementos de provas foram manipulados de forma ilícita e um cenário fático
parece ter sido construído de maneira fantasiosa e inverossímil.”
COM A PALAVRA, O PSDB
O Diretório Estadual do PSDB-SP tem absoluta confiança na
idoneidade do ex-governador Geraldo Alckmin. A história do governador Geraldo
Alckmin não deixa dúvidas sobre a sua postura de retidão, coerência e
compromisso com o rigor da lei.
Marco Vinholi – Presidente Estadual do PSDB-SP
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