Jair Bolsonaro sabe que o melhor remédio para uma crise de
popularidade é mamadeira de piroca. Nada como requentar uma mentira que envolve
sexo e servir ao eleitorado, como fez nesta terça (14) ao afirmar que a
esquerda quer “descriminalizar a pedofilia, transformando-a em uma mera doença
ou opção sexual”.
O resultado foi imediato. Seguidores sedentos por um
biscoito para alimentar sua fome contra inimigos políticos responderam com
engajamento muito maior do que o presidente tem em suas redes sociais quando
faz de conta que governa. Nem os tuítes em que mente sobre o uso da cloroquina
rendem tanto.
A postagem é resposta às cobranças da enfraquecida ala
ideológica do governo que tem sinalizado a perda de apoio no ambiente virtual,
considerado estratégico por eles, e agravada pelo comportamento domesticado do
presidente.
Para distrair a seita, Bolsonaro requentou um assunto de
2018, quando acusou Fernando Haddad (PT) de defender a “descriminalização da
pedofilia”, um dos absurdos do combo de delírios bolsonarista, que ainda tinha
“kit gay”.
O presidente, não sabemos, distorce as questões sobre a
pedofilia pela própria ignorância ou em clara oposição ao que diz a ciência. O
fato é que seu discurso desce como uma cerveja gelada pela goela da massa de
analfabetos funcionais que o apoia.
Segundo a OMS, pedofilia é um transtorno mental. Não é crime
previsto no Código Penal, mas o comportamento do pedófilo pode ser
criminalizado com base no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Portanto, estupro de vulnerável, produção de vídeo ou fotos de sexo ou nudez que envolvam menores são crimes. Bolsonaro quer fazer crer que, ao se apontar a distinção entre as duas coisas, exista a intenção de “normalizar” a prática da pedofilia. E seus seguidores aplaudem. Bem, o que esperar de quem acredita em mamadeira de piroca?
Nenhum comentário:
Postar um comentário