terça-feira, 14 de julho de 2020

DIÁRIO DA CRISE

Do Blog do Gabeira

Diário da Crise CXVI

O Ministro Gilmar Mendes disse que as Forças Armadas estavam se associando a uma política de genocídio. As Forças Armadas protestaram e querem levá-lo a uma retratação.

Vai se escrever muito sobre o tema. Gostaria de assinalar aqui, o que fiz oralmente pela manhã e possivelmente repetirei, pela televisão uma posição simples e que me parece objetiva.

Genocídio é uma expressão específica, definida como crime internacional e deve ser cuidadosamente usada.

No entanto, é possível dizer que o Exército se associou a uma política de saúde ineficaz que contribui para produzir muito mais mortes do que uma abordagem mais acertada do tema.

Há um consenso internacional de que a política brasileira é um fracasso. Há alguns dias, até o presidente das Filipinas citou o Brasil como o exemplo negativo, usando a linguagem de baixo calão que costuma usar.

Pensando friamente, há duas sombras sobre a imagem brasileira: a política ambiental e a política sanitária.

Governos e grupos econômicos no exterior estão pressionando para que o Brasil mude. Grupos econômicos nacionais e ex-ministros da economia fazem o mesmo aqui dentro.

O grande problema é o encontro das duas sombras na imagem internacional. E onde esse encontro se dá?

Precisamente na política de proteção aos grupos indígenas na Amazônia num momento de pandemia.

Já há uma campanha internacional para expulsar invasores que levam perigo para as terras indígenas. Se houver uma visão de que estão sendo dizimadas por falta de uma política adequada, aí podem até usar o termo genocídio, pois implica na destruição de etnias inteiras.

No caso do Sudão o Tribunal Internacional aceitou uma acusação desse tipo porque a política do governo expulsou populações inteiras.

A denúncia do PDT contra Bolsonaro no Tribunal Internacional não tem chance de vingar pois o acusa apenas pela política sanitária.

Mas se alguma denúncia associar os dois elementos: política sanitária e grupos indígenas, ela se torna muito mais explosiva lá fora.

E não sou eu que diz mas a juiza Sylvia Steiner a única brasileira que já participou do Tribunal Internacional.

Foi numa entrevista dela que colhi esse exemplo do Sudão, país cujo presidente Omar El Bashir teve a denúncia de genocídio aceita pela pela Corte de Haia.

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