Diário da Crise CXVI
O Ministro Gilmar Mendes disse que as Forças Armadas estavam
se associando a uma política de genocídio. As Forças Armadas protestaram e
querem levá-lo a uma retratação.
Vai se escrever muito sobre o tema. Gostaria de assinalar
aqui, o que fiz oralmente pela manhã e possivelmente repetirei, pela televisão
uma posição simples e que me parece objetiva.
Genocídio é uma expressão específica, definida como crime
internacional e deve ser cuidadosamente usada.
No entanto, é possível dizer que o Exército se associou a
uma política de saúde ineficaz que contribui para produzir muito mais mortes do
que uma abordagem mais acertada do tema.
Há um consenso internacional de que a política brasileira é
um fracasso. Há alguns dias, até o presidente das Filipinas citou o Brasil como
o exemplo negativo, usando a linguagem de baixo calão que costuma usar.
Pensando friamente, há duas sombras sobre a imagem
brasileira: a política ambiental e a política sanitária.
Governos e grupos econômicos no exterior estão pressionando
para que o Brasil mude. Grupos econômicos nacionais e ex-ministros da economia
fazem o mesmo aqui dentro.
O grande problema é o encontro das duas sombras na imagem
internacional. E onde esse encontro se dá?
Precisamente na política de proteção aos grupos indígenas na
Amazônia num momento de pandemia.
Já há uma campanha internacional para expulsar invasores que
levam perigo para as terras indígenas. Se houver uma visão de que estão sendo
dizimadas por falta de uma política adequada, aí podem até usar o termo
genocídio, pois implica na destruição de etnias inteiras.
No caso do Sudão o Tribunal Internacional aceitou uma
acusação desse tipo porque a política do governo expulsou populações inteiras.
A denúncia do PDT contra Bolsonaro no Tribunal Internacional
não tem chance de vingar pois o acusa apenas pela política sanitária.
Mas se alguma denúncia associar os dois elementos: política
sanitária e grupos indígenas, ela se torna muito mais explosiva lá fora.
E não sou eu que diz mas a juiza Sylvia Steiner a única
brasileira que já participou do Tribunal Internacional.
Foi numa entrevista dela que colhi esse exemplo do Sudão, país cujo presidente Omar El Bashir teve a denúncia de genocídio aceita pela pela Corte de Haia.
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