Premido pela erosão de sua popularidade e de suas chances de
reeleição, o presidente dos EUA, Donald Trump, reagiu com uma guinada em seu
comportamento.
A atitude mais vistosa se deu na segunda (20), quando o
republicano divulgou uma imagem em que aparece
vestindo uma máscara de proteção contra a Covid-19 —algo que resistiu
a fazer durante meses.
Acompanhando a fotografia, o mandatário publicou uma
mensagem a seu estilo, em que o incentivo à utilização das proteções faciais se
mistura a exortações nacionalistas, provocações xenófobas e autopromoção
narcisista.
“Nós estamos unidos em nosso esforço para derrotar o
invisível vírus chinês, e muitos dizem que é patriótico usar uma máscara quando
não for possível manter distanciamento social. E não há ninguém mais patriótico
do que eu, seu presidente favorito!”, escreveu.
No mesmo dia, Trump anunciou a volta das entrevistas
coletivas diárias para relatar a situação da pandemia, interrompidas havia
cerca de três meses.
Busca, dessa maneira, refrear os danos advindos da gestão
desastrosa da pandemia, marcada pelo negacionismo e pela sabotagem das
iniciativas estaduais —o americano, mais uma vez, é modelo para o brasileiro
Jair Bolsonaro.
Com mais de 3,8 milhões de casos confirmados e cerca de 140
mil mortes, os EUA ocupam o primeiro lugar global nos dois indicadores. Além
disso, a doença agora atinge sobretudo grandes estados do sul que ajudaram a
eleger Trump.
Não à toa, a resposta do presidente à pandemia é rejeitada
por cerca de dois terços dos votantes. Sua popularidade, ademais, segundo
pesquisa da Universidade de Quinnipiac, atingiu o menor patamar desde 2017,
36%.
Tamanha desaprovação, naturalmente, se vê refletida no
desempenho eleitoral, a menos de quatro meses para o pleito.
Nos levantamentos mais recentes, o adversário de Trump, Joe
Biden, aparece com vantagem de cerca de dez pontos. O democrata, ademais,
avança em estados decisivos no contexto do colégio eleitoral, como Texas e
Flórida.
Por mais resiliência política e capacidade de superar adversidades que o republicano possa ter, a tempestade perfeita que se forma sobre ele —combinando a nova escalada da pandemia, a crise econômica dela decorrente e a tensão racial incessante— torna a recondução ao cargo cada vez mais difícil.
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