DIÁRIO DA CRISE
CXLVIII
A pesquisa Data Folha de hoje aponta Bolsonaro no auge de
sua popularidade. Trinta e sete por cento dos entrevistados aprovam seu
governo, um índice superior aos anteriores.
Como explicar isto? Em primeiro lugar, é preciso admitir que
isto seja explicável. Parcialmente o é. O auxílio emergencial de R$ 600 foi o
grande fator. Em muitos lugares do Brasil a pandemia significou uma melhoria de
vida.
Outro fator importante foi a prisão de Queiroz. Supunha-se
que iria desgastar Bolsonaro. Ele se encolheu, negociou com o Congresso,
abrandou seu tom com o Supremo. O resultado é que o caso Queiroz acabou
contribuindo para aumentar sua aceitação.
A economia caiu no último trimestre e o país tende a entrar
em recessão. Conheço poucos líderes que se mantêm populares numa recessão. No
caso brasileiro, isto dependerá da garantia de um auxílio emergencial
permanente, uma bolsa família ampliada.
De onde virão os recursos? Este tem sido o debate da semana,
escondido na história de aceitar ou não o teto de gastos.
Algo interessante para todos nós refletirmos. Nossas
concepções de política são limitadas. Pensávamos que a negação da epidemia iria
repercutir na popularidade de Bolsonaro. Da mesma forma, a ausência de um
Ministro da Saúde.
Pensávamos que o fracasso na educação também repercutiria.
Nada disso teve importância diante da injeção de dinheiro
num povo sofrido e com grandes problemas de sobrevivência.
Vivendo e aprendendo. Tive a ocasião de me opor a governos
muito populares, no auge do seu êxito. Considerava errada suas posições e mais
ainda insustentáveis de um ponto de vista econômico.
As pedaladas de Dilma lhe valeram o impeachment. Mas ela
sabia que era uma luta decisiva.
Vamos ver como Bolsonaro enfrenta esses dilemas no futuro.
A metereologia errou prevendo nuvens para ontem. Não sei se
ainda não vieram ou se não virão mais. Os dias são bonitos no Rio e isso pelo
menos é sempre um conforto.
Fizemos ontem homenagem ao nosso amigo Alfredo Sirkis.
Lembramos do passado e de suas histórias, revisamos campanhas políticas dos
anos 80. Aqueceu o coração depois da morte tão inesperada de Alfredo, um
gigante no movimento ecológico brasileiro, reconhecido amplamento por Al Gore
que fez uma bela homenagem a ele, inclusive com a presença e um belo discurso
de Ana, a filha de Alfredo.
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