A julgar pelos resultados da nova pesquisa do Datafolha, a
maioria dos brasileiros decidiu absolver Jair Bolsonaro dos seus pecados. Quase
metade dos entrevistados nos últimos dias 11 e 12 disse acreditar que o
presidente não tem culpa alguma pelo fato de o coronavírus ter matado mais de
100 mil pessoas no país.
Dos 52% que responderam que ele tem, sim, apenas 11% o veem
como principal culpado, e 41% como um dos culpados, mas não o principal.
Naturalmente, o maior percentual dos que passam o pano em Bolsonaro está os que
consideram seu governo ótimo ou bom e que votaram nele no segundo turno da
eleição de 2018.
A turma do andar de cima, que ganha mais de 10 salários
mínimos por mês, aponta Bolsonaro como o principal ou um dos culpados pelas
mortes. A do andar de baixo, que ganha até dois salários mínimos e que se
beneficiou com o auxílio emergencial para combater a doença, acha justamente o
contrário.
E não dá importância ao fato de que ele minimizou a pandemia
chamando-a de gripezinha, boicotou as medidas de isolamento social decretadas
por governadores e prefeitos, defendeu a volta ao trabalho para salvar a
economia, e recomendou o uso de uma droga que se revelou ineficaz para deter o
vírus.
Mais de 3 milhões de brasileiros já foram infectados pelo
Covid-19, segundo os registros oficiais, mas o número provavelmente é muito
maior por causa da subnotificação. E daí? Exatos 49% dos entrevistados
concordam com a afirmação genérica de que o Brasil não fez o suficiente para
livrar-se do flagelo.
Essa é a melhor maneira de isentar de culpa Bolsonaro ou
quem quer que seja. Se todos são culpados, ninguém é culpado. Passa-se o pano.
E ainda existem os que dizem que o necessário para evitar tantas mortes foi
feito (24%), e os que afirmam que as mortes não poderiam ter sido evitadas
(22%). Vida que segue.
Em tempo: Bolsonaro só queria pagar aos brasileiros mais
pobres um auxílio emergencial de 200 reais. Ao saber que o Congresso aprovaria
um auxílio emergencial de 500 reais, antecipou-se e anunciou o auxílio de 600,
que será pago só até setembro. Por ora, concorda em prorrogar o auxílio, mas no
valor de 200 reais.
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