O populismo, como toda praga, é previsível. É fácil antever os passos de um político populista, sobretudo os incompetentes e corruptos. Exemplos abundam pelo mundo, principalmente nesta triste América Latina.
O populista, via de regra, apropria-se do bem que não produziu e culpa os outros pelos males que, aí, sim, criou. Quem não se lembra de Lula, o corrupto e lavador de dinheiro, duplamente condenado a quase trinta anos de prisão, e seu famoso “nunca antes na história deste país”?
Para o chefe de quadrilha, conforme lhe adjetivou o MPF, tudo de bom que havia no Brasil fora obra sua e de seu governo. Já as mazelas… bem, aí eram culpa das elites, dos Estados Unidos etc. Até suas falcatruas foram jogadas no colo da esposa morta, coitada.
O governo Bolsonaro vem se mostrando cada vez mais perdido e incapaz. Suas duas principais bandeiras, o combate à corrupção e a liberalização da economia, foram para o vinagre faz tempo. Primeiro, com a queda de Sergio Moro. Segundo, com o abandono do ex-posto Ipiranga.
O dólar nas alturas fez explodir o preço dos alimentos. Tudo o que é exportado subiu assustadoramente. E tudo o que é importado, idem. Como o Brasil ou é grande exportador ou grande importador de alimentos, o resultado está aí, ou melhor, está lá, nas prateleiras dos supermercados.
Além disso, a queda na produção mundial de alimentos e na oferta de transporte marítimo, provocou a corrida dos países consumidores às bolsas mundiais de commodities agrícolas. E a regra é clara: pouca oferta + muita demanda = preço alto.
Sem ter para onde correr e sem saber o que fazer, Bolsonaro iniciou o ritual que conhecemos bem desde os fiscais do Sarney. Começou pedindo, vejam só, “patriotismo” aos donos de supermercados e produtores de alimentos.
Hoje, o Ministério da Justiça notificou os representantes do setor para explicarem os aumentos de preços. Os próximos passos serão declarações chamando os empresários de gananciosos e especuladores. Depois, tentará algum tipo de tabelamento ou controle. Por fim, fará a população acreditar em um complô para prejudicar seu governo.
Bolsonaro quer do setor aquilo que seu governo não consegue dar: estabilidade. Sua conduta errante e autoritária, aliada às condições macroeconômicas advindas da pandemia, pressionou o câmbio e fez do real a moeda mais desvalorizada dentre os países emergentes. Não adianta chorar e berrar! Dólar caro, commodities… caras.
Ao invés de perdoar dívidas bilionárias de igrejas; ao invés de distribuir cargos e verbas aos cupinchas do Centrão; ao invés de insistir em manter privilégios das altas castas do funcionalismo público, o presidente deveria usar todo esse dinheiro para ou formar estoques reguladores ou intervir no mercado cambial.
Só que isso dá um trabalho danado, né? E exige capacidade, coisa rara nesse governo aloprado. Assim, é melhor seguir o roteiro comum e culpar os outros. É o que o mito começou a fazer. Aguardem os próximos capítulos. Ou não. Porque não haverá novidade alguma. Ai, ai…
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