No vídeo que gravou para as redes sociais no dia da
Independência, Lula deu a partida para 2022. O ex-presidente percebeu a
movimentação do adversário no terreno que lhe é (ou era ?) favorável, o
Nordeste. E está ciente das agruras do PT em ter candidatos competitivos e/ou
estabelecer alianças para as eleições municipais que se aproximam.
É muito difícil saber, hoje, se o petista conseguirá
candidatar-se a qualquer cargo que seja, considerando a corrida de obstáculos
nos tribunais. Um dos maiores entraves é o julgamento do pedido de suspeição de
Sergio Moro, o juiz-acusador que o tirou do jogo na eleição de 2018 e virou
ministro da “justiça” da extrema direita violenta que nos governa.
O julgamento sobre a suspeição de Moro na Segunda Turma do
STF começou em dezembro de 2018 e empacou no “perdido de vista” feito por
Gilmar Mendes. O desfecho afigura-se imprevisível com a aposentadoria do
ministro Celso de Mello daqui a mês e meio.
Passados quase dois anos de um governo que afronta a
democracia dia sim, outro também, não deixa de surpreender que tenha vindo do
ministro Edson Fachin a constatação de que a candidatura de Lula em 2018 teria
“feito bem à democracia”. A postulação foi barrada pelo Tribunal Superior
Eleitoral com base na lei da Ficha Limpa porque Lula já havia sido condenado em
segunda instância no caso do tríplex.
O PT ganhou quatro das oito eleições para presidente desde a
redemocratização e ficou em segundo lugar nas outras quatro. Em 2018, recebeu
47 milhões de votos.
Independentemente das convicções e afinidades políticas de
cada um de nós, é preciso reconhecer que um partido com essa representatividade
não pode ser excluído do debate público. E Lula não pode ser “cancelado”. A
esparrela dos “dois extremos” é uma trapaça informativa e cognitiva sobre a
qual parte relevante da imprensa brasileira precisa fazer autocrítica.
Lula está de volta. E isso é uma boa notícia para a
democracia.
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