O governo quer gastar mais com militares do que com
estudantes em 2021. O plano é coerente com a trajetória de Jair Bolsonaro. O
capitão foi para a reserva há 32 anos, mas nunca tirou os pés do quartel. Na
política, sempre atuou como um sindicalista da farda.
O Brasil não está em guerra e não tem motivos para se
preocupar com as fronteiras. Mesmo assim, o Planalto pretende aumentar as
verbas do Ministério da Defesa em 49% na comparação com o projeto de Orçamento
enviado ao Congresso no ano passado.
Segundo o jornal “O Estado de S.Paulo”, a pasta deverá
receber R$ 5,8 bilhões a mais do que o Ministério da Educação. Isso não ocorre
há uma década, quando o investimento nas salas de aula ultrapassou as despesas
com a caserna.
Desde que vestiu a faixa, Bolsonaro mima as Forças Armadas
com vantagens e privilégios. Os militares foram poupados na Reforma da
Previdência, ocuparam dez ministérios e abocanharam mais de seis mil cargos
civis. Em julho, ganharam reajuste de até 73% num penduricalho incorporado ao
contracheque.
O presidente não desgruda da tropa. É arroz de festa em
posses, aniversários e formaturas de cadetes. Na última viagem ao Rio, ele
visitou três quartéis e inaugurou uma escola cívico-militar. Em todos os
compromissos, levou a tiracolo o ministro da Educação, Milton Ribeiro.
Na sexta-feira, capitão e pastor se deixaram fotografar
diante do escudo do Bope. O emblema é composto de uma caveira, uma faca e dois
revólveres. A simbologia perfeita do bolsonarismo, que exalta as armas e
despreza o conhecimento.
Nem a pandemia convenceu o governo a dar prioridade à
educação. Ontem o MEC anunciou um plano para levar internet a alunos de
universidades e institutos federais. Levou cinco meses para notar que
estudantes pobres não têm banda larga em casa.
Agora o Ministério da Economia quer taxar a venda de livros,
isenta de impostos desde 1946. O novo encargo ameaça sufocar editoras e
livrarias. Paulo Guedes não se importa. Em debate com parlamentares, ele
sugeriu que ler é passatempo de rico.
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