Todas as pesquisas, com variações, algumas ensaiando serem ponto fora da curva, dizem a mesma coisa. Há certo equilíbrio entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro no primeiro turno e o petista abre vantagem no segundo, pois traz para ele a maioria das intenções de voto dos demais candidatos.
Alguns levantamentos informam também que caso um terceiro nome consiga ser a única opção aos líderes da corrida parte de algo entre 10 e 15%. Não é de todo ruim, mas enfrentaria batalha morro acima, vindo a depender da desconstrução de pelo menos um dos ponteiros. Ou seja, se ambos resistirem à demolição, ganham a vaga na decisão.
Isso pode parecer o óbvio ululante, mas até dias atrás a narrativa era outra. Para calcular o suposto potencial da terceira via deduziam-se do total do eleitorado as intenções de voto no atual presidente e no ex. Daí concluíam estar a sociedade brasileira ansiosa por uma “alternativa aos extremos”. Nada melhor que os números para checar a consistência disso.
Bem, se o caminho para Lula e Bolsonaro é evitar a demolição, será que os movimentos recentes de ambos fazem sentido à luz dessa necessidade? Sim. Cada um está tomando as providências para fechar seu respectivo flanco. Lula, por exemplo, capricha nas fotos com ex-adversários que podem conferir a ele a certificação de “político moderado”.
Já Bolsonaro capricha no cultivo da sua base fiel. O bom+ótimo dele nas pesquisas deslizou para a casa dos 25%, mas o “aprova” mantém-se no até agora inabalável terço do eleitorado que vem com ele desde o primeiro turno da eleição. Isso é um passaporte para o segundo turno, e antes disso protege-o dos mísseis apontados a partir das sessões da CPI da Covid-19.
Tanto Lula quanto Bolsonaro recolheram algumas notícias reconfortantes nestes dias. O ex-presidente viu que sua rejeição, apesar de alta, não tem dimensão para inviabilizá-lo. E é sempre melhor estar na frente nas pesquisas. É como no futebol: se 2 a 0 é placar perigoso para quem está ganhando, imagina para quem está perdendo.
Já o atual ocupante do Planalto tem visto as projeções econômicas ganharem cores mais otimistas, ou menos pessimistas. Mas há uma luz amarela piscando: o rebote para cima da curva de casos de Covid e uma certa tendência da curva de mortes desacelerar a queda, sempre considerando as médias móveis. E as UTIs voltaram a ficar algo pressionadas.
Um alívio, talvez momentâneo, para o governo é a CPI até agora não ter chegado no presidente. Essa é uma variável e tanto. Em 2005-06, as acusações do então deputado Roberto Jefferson desencadearam um terremoto político de muitos graus e provocaram um tsunami que colheu o PT. Mas no tribunal das urnas Lula reelegeu-se.
Qual será o tema condutor da eleição de 2022? A pandemia? A economia? A corrupção? Façam suas apostas. Os líderes e os candidatos a quebrar a dualidade têm pontos fortes e fracos em cada um desses temas. Eu apostaria que os dois últimos assuntos vão despertar mais interesse do eleitor.
Alon Feuerwerker é jornalista e analista político/FSB Comunicação
Nenhum comentário:
Postar um comentário