O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que tinha um objetivo claro ao se encontrar com o ex-presidente Lula: ajudar a distensionar o ambiente político no país.
— Foi um gesto de civilidade. Minha mensagem é: podemos vir a ser adversários, mas não precisamos ser inimigos nem jogar pedras um no outro — disse ao GLOBO.
— Nunca rompi com o Lula. A vida leva a gente a posições diferentes. Mas é importante manter a civilidade e conversar — acrescentou.
Os dois rivais históricos não se viam desde 2017, quando FH visitou Lula após a confirmação da morte cerebral da ex-primeira-dama Marisa Letícia. Voltaram a se encontrar no último dia 12, na casa do ex-ministro Nelson Jobim.
— Fui até lá para conversar. Não tenho nenhum propósito eleitoral. O Lula pode ter, é legítimo. Ele é um ser eleitoral — brincou FH.
— Conversar não quer dizer concordar. Nunca fui a favor do “nós contra eles”. O Lula praticou isso uma certa época. Mas não é o meu estilo nem o dele — afirmou.
No encontro, os dois convergiram nas críticas a Jair Bolsonaro e na necessidade de proteger a democracia. Ao ser questionado se a reaproximação abre caminho para uma frente ampla em 2022, FH afirmou:
— Ninguém falou disso, mas sou a favor de que juntemos forças. Em política, não se pode subestimar o adversário. Bolsonaro tem apoios na sociedade. Se fragmentar muito, ele pode vencer.
O tucano repetiu que votaria em Lula num segundo turno contra o atual presidente. No entanto, garantiu que apoiará o candidato do PSDB.
— O PSDB é um partido grande, tem que lançar candidato no primeiro turno para ganhar ou perder. Ainda estamos muito longe da eleição — afirmou.
Ele citou três presidenciáveis da sigla que teriam seu apoio: o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS).
— Sou muito amigo do Tasso. Se for o candidato, estarei com ele — ressaltou.
Após a divulgação da foto dos ex-presidentes, Jair Bolsonaro sugeriu que Lula e FH formarão uma chapa: “um ladrão candidato a presidente e um vagabundo como vice”. Ao saber da declaração, FH deu risada.
— O Bolsonaro já disse que queria me fuzilar, e eu não dei bola. Prefiro não tomar em consideração o que ele fala — desdenhou.
Na quinta-feira, o presidente chamou FH de “cara de pau” e sugeriu que o MST voltasse a invadir sua antiga fazenda em Buritis (MG). O tucano também achou graça:
— Não tenho mais fazenda nenhuma. Ele está 20 anos atrasado…
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