quinta-feira, 20 de maio de 2021

PAZUELLO CHEGOU MENTINDO NA CPI DA COVID-19 E SAIU MENTINDO

Do Blog do Noblat, METRÓPOLES

Missão dada ao general da ativa Eduardo Pazuello, missão cumprida. Quando nada porque, segundo ele, manda quem pode, obedece quem tem juízo. Obrigado a depor na CPI da Covid-19, ele cumpriu a missão que lhe deram de blindar o presidente Jair Bolsonaro – afinal, quem manda em todos que o servem é o presidente, e Pazuello, ajuizado, sempre respondeu “sim, senhor”.

Pazuello entrou no Congresso para mentir a seu favor e a favor do presidente, e saiu de lá mentindo ao negar que tivesse passado mal, tamanho foi o esforço de disfarçar o nervosismo por mais de cinco horas. Foi como se tivesse esquecido de desativar o modo mentira. “Não passei mal. Não aconteceu nada. Amanhã o depoimento continua”, disse aos jornalistas ao despedir-se.

O general é um homem frágil. Não aguenta pressão. E a mentira cobrou seu preço. Alertado por um assessor da CPI, o médico e senador Otto Alencar (PDS-BA) encontrou Pazuello sentado em um sofá, com os pés no chão e muito pálido. Deitou-o e, em seguida, o pôs na Posição de Trendelenburg, onde a parte superior do dorso é abaixada e os membros inferiores elevados.

Com isso, o sangue corre mais depressa em direção ao cérebro, o que previne outros tipos de males súbitos e facilita a recuperação do paciente. Deu certo. Pazuello recuperou-se e saiu amparado por agentes de segurança. Dispensou o amparo ao cair no radar dos jornalistas. A imagem do general abatido pegaria mal para ele. O que não seria escrito a seu respeito?

Das mentiras apregoadas por ele, essa foi a menor. Pazuello mentiu quando disse: “Eu tomei conhecimento do risco [de falta de oxigênio] de Manaus no dia 10 [de janeiro de 2021] à noite, em uma reunião com o governador do Amazonas e o secretário de Saúde”. O governo federal foi avisado no dia 8 que o sistema de saúde de Manaus estava perto de colapsar com a falta de oxigênio.

Mentiu quando disse que o Supremo Tribunal Federal limitou a atuação do governo federal nas ações estratégicas contra a pandemia da Covid-19. De fato, em três ações distintas, o tribunal decidiu apenas que a União não poderia interferir em medidas adotadas por governadores e prefeitos no combate à pandemia. Se dependesse da União, sócia do vírus, não haveria nenhuma.

Mentiu quando disse que não foi desautorizado por Bolsonaro depois de anunciar que a Coronavac seria “a vacina do Brasil”. No dia seguinte ao anúncio, Bolsonaro afirmou que não compraria “essa vacina” porque o presidente era ele, e dele é a caneta cheia de tinta usada para assinar decretos. Na ocasião, Pazuello, sorridente, comentou: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”.

Mentiu quando disse desconhecer quem ordenou o aumento da produção da cloroquina no país. Foi Bolsonaro quem ordenou, e isso é público e notório. Ordenou às Forças Armadas, e por meio do Ministério da Saúde, à Fundação Oswaldo Cruz. O ex-ministro Henrique Mandetta foi demitido por ser contra. E o ex-ministro Nelson Teich demitiu-se pela mesma razão.

Foi no que deu a recusa do senador Omar Aziz (PDS-AM), presidente da CPI, em prender por mentir o ex-Secretário de Comunicação Social do governo, Fabio Wajngarten. Embora se queixe das mentiras que escuta, Aziz liberou geral para que mintam. E Pazuello sentiu-se à vontade para mentir. Foi treinado – e bem treinado – para isso. Hoje, seguirá mentindo.

Operação contra ministro do Meio Ambiente tem dedo americano

Autoridades dos EUA barraram a entrada de madeira contrabandeada do Brasil e assim deflagraram a operação policial que atingiu Salles

Qual ministro do governo Bolsonaro poderá bater no peito com orgulho e proclamar que foi alvo de uma operação da Polícia Federal deflagrada com a ajuda de autoridades norte-americanas?

Não é para qualquer um, mas o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, poderá dizer. Essas coisas têm lá os seus aborrecimentos, mas nada que lhe custe o emprego.

Bolsonaro gosta dele. Bolsonaro gosta de todos que obedecem às suas ordens. E é somente isso o que faz Salles. Uma vez que captou o que o presidente quer, adianta-se a todos os seus desejos.

Salles está entre os investigados pela Polícia Federal por envolvimento num “grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais” para os Estados Unidos e outros países.

Nunca antes na história um ministro do Meio Ambiente brasileiro foi investigado por supostas violações à natureza. Endereços de Salles em Brasília e São Paulo foram vasculhados pela polícia.

Quem autorizou foi o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, uma vez que Salles, por ser ministro de Estado, tem direito a foro privilegiado.

Moraes mandou quebrar o sigilo bancário e fiscal de Salles e de outros investigados, e suspendeu uma portaria dele que permitia a exportação de produtos florestais sem a emissão de autorizações.

No despacho de Moraes, consta:

A situação que se apresenta é de grave esquema criminoso de caráter transnacional. A empreitada criminosa não apenas realiza o patrocínio do interesse privado de madeireiros e exportadores em prejuízo do interesse público, mas cria sérios obstáculos à ação fiscalizatória do poder público no trato das questões ambientais com inegáveis prejuízos a toda a sociedade.

As investigações da Polícia começaram em janeiro último, quando autoridades norte-americanas recusaram a entrada de madeira no país com base nas regras de exportação criadas por Salles.

É comum que ministro do Supremo ouça a Procuradoria-Geral da República antes de autorizar uma operação policial contra um ministro de Estado. Moraes não ouviu. E por quê?

Porque temeu que Augusto Aras, o Procurador-Geral da República, vazasse a informação para Salles e Bolsonaro. Aras está de olho em uma vaga de ministro do Supremo. Sabe como é…

Sem amparo em fatos, o presidente diz e repete que não há e nunca houve corrupção no seu governo. E que por isso ele pôs fim à Operação Lava-Jato. Está aí Salles para desmenti-lo.

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