quarta-feira, 13 de abril de 2022

SURPRESA DO BC COM A INFLAÇÃO APONTA PARA DESCONTROLE DOS PREÇOS

Ivanir José Bortot, OS DIVERGENTES

A manifestação de surpresa do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre o aumento da inflação em março foi recebido pelo mercado com aumento das previsões dos juros para 2022. Além da surpresa, Campos Neto, passou dúvida sobre o impacto do IPCA de 1,62%, uma vez que este índice veio acima do esperado pela autoridade monetária.

O Banco Central quer agora avaliar se o IPCA de março influencia de alguma maneira a “tendência” da inflação. Para Campos Neto a trajetória de preços já “está muito alta”.

De fato, é surpreendente ver o presidente do Banco Central em público dizer que está surpreso com a inflação do mês passado e que terá que avaliar seus impactos sobre o comportamento dos preços no futuro.

A impressão que fica é que os instrumentos de previsão de preços e inflação do Banco Central falharam. O mais grave é que uma das mais importantes missões do BC seriam controlar a inflação ou prever como os aumentos de preços terão impactos inflacionários. Não conseguiu fazer nem uma coisa e nem outra.

A realidade é que a inflação atual, na sua fusão elevada, está disseminada na economia e não é mais causada apenas pelos reajustes dos combustíveis, embora estes sejam de maior impacto individual e provoquem aumento de outros preços e serviços.

Campos Neto levanta ainda dúvidas sobre os efeitos do câmbio sobre os preços da economia. Dá a entender que o FED, o Banco Central dos Estados Unidos, deverá elevar ainda mais suas taxas de juros para controlar a inflação. Isto ocorrendo poderia reduzir o fluxo de ingresso do dólar ao Brasil, o que vem contribuindo para valorização do real.

Um real mais valorizado poderia contribuir para segurar os aumentos de preços, mas nem isso a autoridade monetária está observando neste momento. O cenário para os próximos meses é de aumento de preços e juros ainda mais elevados, indicando que teremos baixo crescimento econômico em 2022 ou mesmo recessão com desemprego mais elevado, e queda ainda maior no poder de compra da população.

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