Rebranding da direita: novo indiciamento de Bolsonaro é
janela de oportunidade para novas lideranças
Não demorará muito tempo para políticos de direita
perceberam que o ex-presidente se tornou tóxico; a reação tímida mostra que ele
já é percebido como carta fora do baralho
O novo indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pela
Polícia Federal pelos crimes de “abolição violenta do estado democrático de
direito”, “golpe de Estado” e “organização criminosa”, abriu grande janela de
oportunidade para que políticos e eleitores de direita encontrem alternativas
de novas lideranças que os represente de forma competitiva nas eleições de
2026.
Não demorará muito tempo para os políticos de direita
perceberem que Bolsonaro se tornou tóxico. A reação tímida das principais
lideranças políticas conservadoras com o novo indiciamento do ex-presidente é
um sinal claro de sua toxicidade e de que Bolsonaro já é percebido por alguns
como carta fora do baralho.
Com o desenrolar das investigações, da
superexposição de sua participação direta nos crimes, e de sua eventual
condenação, Bolsonaro será percebido não apenas como descartável pelo fato de
já ser inelegível por dois ciclos eleitorais, mas também como extremamente
nocivo para a sobrevivência política e eleitoral dos próprios políticos de
direita.
O grande desafio é encontrar novas lideranças carismáticas
que sejam eleitoralmente competitivas e, acima de tudo, comprometidas com a
democracia.
Será que a direita vai conseguir se livrar de Bolsonaro? Ou
continuará a ser refém do ex-presidente assim como a esquerda se encontra refém
de Lula até hoje? A história do PT, fundado em fevereiro de 1980, se confunde
com a história política de Lula, sua principal e, até hoje, única liderança
carismática nacional. Nesses praticamente 45 anos de existência, o PT,
paradoxalmente, não conseguiu encontrar alternativas de novos nomes e
lideranças competitivas que viessem a substituí-lo.
A grande oportunidade perdida, não só pelo PT, mas também
pelos outros partidos de esquerda, de se renovar e de encontrar lideranças
competitivas alternativas, ocorreu após as condenações e prisão de Lula pelos
crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Mas a derrota de Fernando Haddad à
Presidência em 2018 voltou a aprisionar a esquerda a Lula, especialmente em
torno da ideia de que Lula, uma vez solto, seria a única liderança capaz de
derrotar Bolsonaro em 2022.
A direita, por muitos anos, ficou diretamente associada à
ditadura militar. Até recentemente, a direita era tão envergonhada que
pouquíssimos políticos tinham coragem de assumir o rótulo de direita ou
defender abertamente uma agenda política conservadora. Se a direita não
aproveitar essa chance e se afastar de Bolsonaro, correrá o risco a ter a sua
identidade mais uma vez associada ao autoritarismo e perderá competitividade
eleitoral.
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