Nomes anunciados até agora foram escolhidos não por
qualificação técnica ou política, mas por lealdade a bandeiras radicais
O americano Donald Trump começou
a cumprir promessas de campanha, como se nota pelas indicações
para o primeiro escalão do governo da maior potência do planeta.
Os escolhidos até aqui demonstram lealdade ao presidente
eleito, propensão a causar ruptura na administração e escassa associação com a
comunidade de estudiosos dedicados a políticas públicas ou mesmo com o que
resta do antigo Partido
Republicano.
Alguns indicados espantaram até parlamentares governistas —o
Senado precisa aprovar várias das nomeações.
Dos postos mais importantes, falta indicar o secretário do
Tesouro. Para o Departamento de Estado vai o senador Marco Rubio, sinal de
linha dura com governos de esquerda, na América Latina em especial. Para o
Conselho Nacional de Segurança, o deputado Michael Waltz, coronel que já foi assessor na Casa Branca e
no Pentágono.
Ambos querem confrontar a China e livrar os EUA de
compromissos com a defesa da União Europeia e da Ucrânia, com a Otan ou com
aliados asiáticos.
A escolha mais controversa é a do ex-deputado Matt
Gaetz, cuja carreira é marcada por acusações de irregularidades, para o
Departamento de Justiça. Autointitulado populista libertário e dado a
confrontações escandalosas com a esquerda, pode até ser vetado por republicanos
do Congresso.
Para a Defesa foi indicado Pete Hegseth. Apresentador da Fox News, sem experiência em
governo, ex-militar de média patente, é propagandista de causas trumpistas mais
radicais.
Tulsi
Gabbard, de trajetória errática, foi nomeada diretora da Inteligência
Nacional, a supervisão das agências de espionagem. Em 2016, ela apoiou a
candidatura presidencial do esquerdista Bernie Sanders. Foi deputada e
pré-candidata democrata a presidente. Aderiu oficialmente aos republicanos em
2024.
Um dos nomes mais alarmantes na equipe de Trump é Robert
F. Kennedy Jr., ex-democrata, advogado, ambientalista, candidato
independente a presidente neste ano. Futuro titular da Saúde, é antivacina,
contra o flúor na água, propaga mitos científicos e critica o lobby de
empresas.
O multibilionário Elon Musk vai
se dedicar à eficiência
do governo, mas se desconhece em que cargo ou com qual autoridade. Promete
desregulamentação e o corte de nada menos que um terço do gasto federal
americano.
O número estapafúrdio dá sinal das ambições desorientadas de Trump. Os
auxiliares escolhidos por lealdade à causa derrubam esperanças de moderação.
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