Mortandade por conflitos saltou 37%, com espiral de
violência na Ucrânia e no Oriente Médio; retorno de Trump preocupa
Em uma tendência visível desde o começo desta década, o ano
que chega ao fim foi marcado por mais emprego da força bruta no mundo, tanto
nas relações internacionais como em desdobramentos de crises políticas
domésticas.
Sem surpresa, como indicou o prestigioso Instituto
Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres, a
mortandade por conflitos teve um salto de 37%. O aumento foi impulsionado
pelo massacre israelense na Faixa de Gaza,
uma guerra iniciada pela covardia dos terroristas do Hamas em 7
de outubro de 2023.
Israel buscou
não só a justa punição mas dar um basta à pressão exercida pelo Irã por meio
de seus prepostos. O Hamas foi reduzido a uma força de guerrilha, e o
Hezbollah, desmantelado.
Mesmo Teerã, a despeito de toda sua retórica belicista,
recuou de uma guerra total, não menos porque Tel Aviv tem a iniciativa, mas
suas armas são americanas.
O fim do ano ainda reservou uma notícia alvissareira no
conteúdo, a derrubada do regime sanguinário de Bashar
al-Assad na Síria, mas
preocupante na forma: a
força motriz do evento é um grupo radical que tenta fingir que não
nasceu da Al
Qaeda.
Caberá à Turquia, que
entrou no jogo apoiando os rebeldes, fazer valer a moderação. O país, por
sinal, segue em sua expansão por meio de força, como já havia feito em 2023 ao
respaldar a guerra do Azerbaijão contra os armênios que se achavam protegidos
pela Rússia —assim
como Assad.
Potência nuclear, o país de Vladimir
Putin segue no centro dos temores globais desde a invasão da Ucrânia, em
2022. O autocrata teve um ano de vitórias no campo de batalha,
pressionando Kiev.
Em casa, viu seu mais vocal adversário, Alexei Navalni, definhar e morrer na
cadeia.
Já os ucranianos fizeram uma custosa e inútil invasão do sul
russo. A autorização dada por EUA e aliados para que eles usem suas armas
contra o território inimigo até aqui só fez piorar a violência da retaliação de
Moscou.
O recurso à truculência grassou em locais menos visíveis na
geopolítica global, do Sudão em
conflitos internos à Venezuela de Nicolás
Maduro —cuja fraude eleitoral conseguiu alienar até o governo Luiz
Inácio Lula da
Silva (PT),
sempre disposto a adular ditadores amigos.
Até a Coreia do Sul viu
seu presidente tentar um autogolpe. Hoje, porém, a próspera nação asiática é
uma sólida democracia, cujos
fundamentos impediram o candidato a tiranete.
Esse cenário conturbado aguarda 2025 e seu evento de
abertura: a volta de Donald Trump à
Casa Branca. A julgar pelo primeiro mandato, o Oriente Médio pode
esperar mais turbulência.
Já a Ucrânia terá de negociar com Putin, uma vitória na
prática da "manu militari". O embate político mais duro dos EUA com
a China soa
incontornável, e a guerra comercial prometida por Trump chegará a todo o mundo,
inclusive suas franjas, onde está o Brasil. Dias difíceis estão à frente.
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