Em 2025, adote os 10 passos da moderação política para
encarar amigos e parentes extremistas
O cientista político romeno Aurelian Crăiuțu, da Universidade de Indiana, nos EUA, um dos raros estudiosos da moderação política, sugere uma lista de dez regras para moderados não conformistas; podemos adaptá-las em passos para promover a moderação política no Brasil em 2025
O porre da polarização extrema de 2022 foi além das festas
de fim de ano e avançou 2023 adentro, culminando nos atos de 8 de janeiro, que
quase colocaram o País em coma político. A ressaca que se seguiu foi duradoura.
Parecia que os brasileiros iam optar de vez pela abstinência dos radicalismos.
Mas 2024 tinha outros planos. A violência política e o discurso maniqueísta
reapareceram na eleição municipal, com direito a cadeiradas e troca de sopapos
diante das câmeras. Em outra frente, os sentimentos que intoxicaram as mentes
dos que participaram da quebradeira em Brasília voltaram a aflorar pouco a
pouco, abastecidos pelas fake news de sempre e por arbitrariedades judiciais
cometidas em nome do nobre fim de combatê-los.
O antídoto para os radicalismos é a
moderação política, que não se deve confundir com ficar em cima do muro ou com
deixar de defender aquilo em que se acredita. O cientista político romeno
Aurelian Craiutu, da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, um dos raros
estudiosos do assunto, sugere uma lista de dez regras ou passos para a
moderação política que podemos adaptar para o Brasil de 2025.
Primeiro passo: considere a moderação como uma virtude com
múltiplas facetas, em que os limites do que é aceitável definido por um não são
os mesmos de outros. Segundo: reconheça as dimensões institucionais da
moderação, que incluem valores como separação de Poderes, pesos e contrapesos,
federalismo, devido processo legal, etc. Terceiro: não confunda moderação com
indecisão, fraqueza ou apatia. Quarto: pense de forma política, não ideológica.
Ou seja, com pragmatismo em vez de dogmatismo. Quinto: invista no diálogo com
seus oponentes, mesmo que isso seja por vezes desconfortável. Sexto: saia da
sua bolha política.
Sétimo: não se ofenda com muita facilidade e não leve
discordâncias para o lado pessoal. Oitavo: reconheça que o partidarismo nem
sempre é algo ruim, pois há espaço para atitudes moderadas dentro dele. Nono
passo: seja humilde e pratique a arte da dúvida. A dose certa de flexibilidade
nas discussões dá aos moderados um grande trunfo, que é o de não ser
inteiramente previsível. Décimo e último passo: não desista de defender o que é
certo e não se cale para injustiças, mas faça isso sem violência e pensando que
do outro lado há alguém a ser convencido, não destruído.
Nas festas de fim de ano e no engajamento político,
moderação é o que evita as piores ressacas.
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