Ataque em Nova Orleans se soma à média anual de 25
chacinas no país; crimes em geral são cometidos por americanos natos
Há espaço de tempo por demais diminuto entre os abomináveis
massacres ocorridos nos Estados
Unidos neste primeiro quarto de século. O
atropelamento em massa que matou 15 pessoas e feriu dezenas durante a
celebração do Ano Novo na célebre Bourbon Street, em Nova Orleans, é apenas o
exemplo mais recente.
Qualquer que seja a motivação, sempre espúria em sua
essência, cada morticínio dissemina pânico na sociedade e senso de impotência
entre autoridades.
Por óbvio não se sabe quando nem onde será o próximo ataque.
Mas as estatísticas indicam que ocorrerá em breve —com alta probabilidade de
ser desferido por um americano nato cioso do extermínio do maior número
possível de inocentes.
Especialistas em segurança pública chegam a classificar tal
fenômeno como uma endemia americana, sem claro consenso sobre as razões que a
motivam.
A maioria dos massacres registrados nas últimas duas décadas
tem em sua origem o acesso facílimo a armas e munições —direito respaldado pela
questionável, porém inquebrantável, Segunda Emenda à Constituição.
Dados colhidos pelo jornal The Washington Post desde 2006
mostram ter havido uma média de 25 chacinas a tiros ao ano no país,
responsáveis por 2.555 mortes no total. Em 2024, foram 30, acima da média.
Tanto luto, sequelas e traumas não abalam o fascínio de parte da sociedade
americana pelas armas.
Já em Nova Orleans, as festividades na madrugada do primeiro
dia de 2025 transformaram-se em um banho de sangue pela vontade de Shamsud-Din
Jabbar, que acelerou uma caminhonete contra a multidão antes de trocar tiros
com a polícia local.
O modus operandi revela-se incomum nos EUA. A autoria,
entretanto, segue um traço majoritário: a nacionalidade americana. Jabbar era
texano nato e servira por 13 anos ao Exército.
O resultado das investigações dirá em qual perfil Jabbar se
enquadra. Os massacres no país são executados por supremacistas brancos,
fanáticos religiosos e toda sorte de lobos solitários, inspirados ou não
no terrorismo do Estado
Islâmico.
Na mesma madrugada, um veículo explodiu em frente a um hotel
da Trump Corporation em Las Vegas.
O FBI, a
polícia federal americana, acredita
que não haja conexão entre os dois casos.
Ao associar às pressas a tragédia de Nova Orleans à
imigração ilegal, Donald Trump —ele
próprio alvo de atentado em 2024— preferiu ignorar os fatos em nome de sua
cruzada xenófoba.
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