Marketing faz bem, mas não resolve inflação, dengue,
falta de gestão nem Congresso guloso
Governo Lula troca chefe da Secretaria de Comunicação, mas
‘São Sidônio’ não faz milagre
Demorou, mas aconteceu o que Brasília inteira previa: o
petista gaúcho Paulo Pimenta sai e o baiano Sidônio Palmeira entra na
Secretaria de Comunicação, com “carta-branca” para montar a própria equipe e
dar ordem de comando para que ministros e altos funcionários defendam Lula, o
governo e eles próprios de ataques e fake news. Daqui pra frente, tudo será
diferente? Bem… marketing não faz milagre.
Nenhum gênio da comunicação e do marketing tem poderes
extraordinários para esconder, ou apagar, dados objetivos e oficiais. Dois
exemplos fresquinhos, de 2024: a inflação fechou em 4,83%, muito acima do
centro da meta, 3%, e até do teto, 4,5%, e mortes por dengue dispararam para
6.041, 400% a mais do que no ano anterior e ultrapassando a soma de 2015 a
2023.
Economia e Saúde são áreas críticas para
qualquer governo e não dá para jogar os números e a realidade debaixo do
tapete. Além de pressionar juros e ameaçar os bons índices de crescimento que o
Brasil vem atingindo, a inflação, sobretudo de alimentos, é um dos fatores
econômicos que mais impactam a política e a popularidade dos governantes. Foi
decisiva para a derrota dos democratas para Trump nos EUA.
O que falar da Saúde, que foi trágica no governo Bolsonaro e
poderia ter gerado uma comparação nitidamente favorável para Lula? Não se viu
nem ouviu nenhuma ação direta ou manifestação de Lula diante da dengue nem se
vê ou ouve um grande programa ou um grande sucesso do Ministério da Saúde.
Ao contrário, há registros de falta de vacinas contra
catapora, covid, meningite, hepatite…
As primeiras providências de Sidônio, engenheiro civil que
se converteu ao marketing político, foram botar Haddad e Lula para desarmar as
fake news contra mudanças no Pix e trocar a equipe de Pimenta, inclusive a
responsável pelas redes sociais, amigona de Janja. Um teste e tanto para a tal
carta-branca.
E ele já assume com a Meta (Instagram, Facebook e WhatsApp)
gerando um deus nos acuda e deixando rolar interesses políticos, religiosos,
conservadores e financeiros nas redes. É um desafio para o mundo democrático e
o Brasil. Não dá para combater bomba atômica com armas convencionais, nem
mísseis digitais com munição analógica. Sidônio sabe muito bem.
Lula chega a 2025 com aliança de Trump e big techs para
agitar a extrema direita internacional, o que tem reflexos no Brasil, e mais:
falta de marca, críticas na economia, Congresso guloso e arisco, popularidade
claudicando, candidatura à reeleição incerta e Haddad, o “plano B”, cercado por
todos os lados. Sidônio vem a calhar, mas não é salvador da lavoura nem da
Pátria.
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