Governadores devem acompanhar implementação das mudanças
para que tenham chance maior de sucesso
É boa notícia o aumento de 3 pontos na média do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem)
2024 em relação ao ano anterior. Melhor ainda é a constatação de que as notas
em todas as áreas foram superiores às registradas em 2019, antes da pandemia do
novo coronavírus. Outro ponto positivo foi o aumento no número de
participantes. No ano passado, mais de 4,3 milhões se inscreveram para fazer o
Enem, e a presença foi de 73,5%. Em 2023, foram 3,99 milhões de inscritos, com
presença de 71,9%. “É ótimo que a nota do Enem tenha aumentado mesmo com a
ampliação do número de estudantes”, diz a presidente executiva da ONG Todos
Pela Educação, Priscila Cruz. “Muitos são jovens que não tinham no horizonte
fazer o Enem ou entrar para uma universidade. Isso só reforça a importância do
aumento da nota”.
Embora esses avanços mereçam ser
celebrados, são tímidos, e ainda há pontos que demandam atenção. Na comparação
com o ano anterior, houve recuos nas notas de matemática, ciências da natureza
e ciências humanas. Evidentemente, podem ser oscilações pontuais, mas
evidenciam a necessidade de o país acelerar o processo de melhoria da qualidade
do ensino. Por isso é urgente a implementação do Novo Ensino Médio. É papel dos
governos estaduais colocar a reforma em prática de forma bem estruturada e
rápida. Por óbvio, não é possível fazer todas as mudanças de uma vez. O
processo é gradual, mas deve obedecer a um cronograma e ser acompanhado de
perto pelos governadores. Sem isso, as chances de sucesso são mínimas.
Sancionado em 2017, oito anos depois o Novo Ensino Médio
ainda não é realidade em todo o país. No ano passado, depois de discussões
intermináveis e sucessivas idas e vindas, o Congresso finalmente aprovou uma
revisão da reforma que, em linhas gerais, é positiva.
Os principais objetivos foram mantidos: carga horária
ampliada, coordenação maior entre o ensino regular e os cursos técnicos e
currículo composto por formação básica (com disciplinas como português e
matemática) e itinerários flexíveis (em que os estudantes escolhem
disciplinas). No projeto aprovado no ano passado, deputados e senadores
removeram obstáculos que estavam dificultando a implementação. Um dos
principais era a diminuição da carga horária destinada à formação comum. Feitas
as correções nos pontos em que houve consenso, os estados estão agora com todos
os instrumentos normativos para colocar em prática o novo modelo.
Para conseguir diminuir o problema da evasão, as escolas
precisam ser vistas pelos alunos como um trampolim social e conectadas com a
realidade deles. Quanto ao aumento da carga horária, não há questionamento.
Esse é o padrão nos países com as melhores experiências. Alunos com dificuldade
de aprendizagem têm mais chance de obter mais atenção e ajuda.
O desafio de acelerar a melhoria do ensino é grande e
envolve várias frentes. A valorização, o treinamento e o estímulo dos
professores são pontos nevrálgicos. Nesse sentido, é positivo o programa do
governo de incentivo aos docentes. Diante de tantos desafios, é comum haver
quem defenda ser impossível promover uma transformação de vulto na educação
brasileira. Isso é um equívoco. Em diferentes regiões do país, há boas
experiências em andamento. Com o devido apoio, os estados retardatários
precisam recuperar o tempo perdido quanto antes.
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