Musk não é o único empresário da área de tecnologia que
passou a colaborar com republicano
Se fosse apenas Elon Musk,
poderíamos atribuir a transformação a uma idiossincrasia. O dono da Tesla passou
de empresário mais ou menos normal politicamente, que fazia contribuições tanto
para democratas como para republicanos, a ogro da extrema direita, que despejou
mais de US$ 250 milhões na campanha de Donald Trump e
por isso ganhou um assento em seu gabinete.
O problema é que não é só Musk. Ainda que de forma menos
caricata, outros empresários do Vale do Silício, por vezes descrito como o
bastião da ideologia de esquerda nos EUA, também se bandearam para a direita ou
parecem dispostos a fazê-lo. Em alguns casos, trocaram uma história de
militância no Partido
Democrata por Trump.
Não dá para afirmar que esse foi um
movimento maciço, mas é algo que se faz notar. A lista de neoconservadores
inclui, além de Musk, Peter Thiel, os investidores Marc Andreessen e Ben
Horowitz. Mais recentemente, Mark
Zuckerberg (Meta) e Jeff Bezos (Amazon) deram
sinais de que podem se juntar ao grupo.
Por quê? Parte da explicação é convencionalmente econômica.
O bolso é uma parte sensível do corpo humano, e empresários morrem de medo de
regulação, atividade que caiu no gosto dos democratas e que pode fazer um
negócio naufragar –ou prosperar, se você for amigo do regulador-chefe.
O espectro da regulação não é, contudo, a história toda.
Em entrevista a Ross Douthat, do New York Times, Andreessen
diz que sua conversão conservadora teve muito a ver com o avanço da ideologia
woke, também favorecida pelos democratas. Segundo o empresário até 80% de
sua força de trabalho hoje é composta por jovens egressos de universidades de
elite que foram radicalizados e odeiam o capitalismo e a empresa para a qual
trabalham.
Parece-me um rematado exagero, mas o simples fato de
Andreessen atribuir sua metamorfose ao wokismo já é um indicativo de que o
fenômeno pode estar produzindo efeitos sociais.
Os tempos estranhos pelos quais passamos são
fundamentalmente resultado de mudanças na economia, mas também têm uma dimensão
cultural que precisa ser mais bem compreendida.
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