Apesar de quedas na confiança, criação de vagas formais
veio bem acima do previsto
Comércio, indústria e serviços encolheram no final do ano
passado, segundo dados do IBGE. A
confiança de consumidor e de empresas de todos os setores cai desde o bimestre
final de 2024, segundo dados da FGV; janeiro foi de ânimos bens ruins.
No entanto, há indícios de que a coisa não é bem assim,
embora já houvesse discussões na praça financeira até sobre o efeito da suposta
desaceleração na atitude do Banco Central. Os primeiros dados mais frios
parecem ter tido algum efeito na cotação do dólar e em taxas de juros no
atacadão do mercado de dinheiro (que caem desde fins de janeiro). O dólar
baixou de R$ 5,70. Agora, com paniquitos a respeito do suposto programa de
governo contra o esfriamento da economia (mais
crédito) e dúvidas sobre a perda de ritmo do PIB, voltou
para perto de R$ 5,80.
A criação de empregos formais vai
relativamente bem, apesar de certa inconstância dos dados do Caged, o registro
de admissões e demissões de empregados com registro formal.
Na média das previsões de "o mercado", seriam
criados cerca de 50 mil empregos em janeiro. O ministro do Trabalho, Luiz
Marinho, vazara nesta terça que o resultado seria superior a 100 mil. Nesta
quarta, soube-se do resultado oficial, saldo de 137 mil vagas.
A fim de ter ideia mais precisa da tendência, é preciso
recalcular tais números e descontar, por assim dizer, os efeitos típicos da
época do ano —dessazonalizar os dados, para usar o palavrão do jargão. Nas
contas de economistas do Bradesco, houve até ligeira melhora.
"O resultado [do Caged] mostra aceleração em comparação
a dezembro, quando foram gerados 44 mil empregos na série sem efeito sazonal.
Dessa forma, a média móvel trimestral acelerou de 63 mil vagas em dezembro para
85 mil em janeiro", escreveu o pessoal do Bradesco em breve nota sobre o
assunto, nesta quarta.
Escreveram ainda: "O mercado
de trabalho tem se mostrado resiliente. Apesar da surpresa na
contratação, a média trimestral sem efeito sazonal veio em linha com o indicado
por nossa Pesquisa Empresarial. Os números indicam que a desaceleração da
atividade econômica será lenta e não linear".
Outro sinal de que economia talvez ainda não esfrie está nas
estimativas a respeito da arrecadação do governo no início do ano. O pessoal do
Ipea faz essas contas (Ipea: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ligado
ao governo federal). Em janeiro, "...a receita total do governo central
totalizou R$ 304,3 bilhões nesse mês, um crescimento de 4,2% em termos reais, e
a receita líquida, após as transferências por repartição de receitas, totalizou
R$ 259,1 bilhões, aumento real de 4,2%, comparativamente ao apurado no mesmo
mês de 2024". Crescimento real, acima da inflação, de 4,2% ainda é forte,
maior do que o resultado provável do aumento do PIB em 2024, de pelo menos
3,5%.
O mercado de capitais foi muito bem em janeiro. No
crédito bancário, as perspectivas são mais fracas. Bancões como
Bradesco, Itaú e Santander estimam alta de crédito entre 4% e 8% neste 2025,
menor do que em 2024, que foi de quase 11%. Com as taxas de juros nas alturas
de arrocho horrível em que estão, com aumento menor de gasto público e aperto
no mercado de trabalho, é
difícil que o ritmo do PIB não caia (2% ainda seria um bom crescimento).
Mas os primeiros sinais são ainda bem incertos.
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