Marine Le Pen, líder da extrema direita na França, se
torna inelegível após condenação por desvios públicos
Deputada francesa foi condenada nesta segunda (31) por
desvio de fundos públicos. Le Pen lidera pesquisas de intenção de voto para
eleições.
A líder da extrema direita na França, Marine Le Pen, foi
declarada inelegível nesta segunda-feira (31) pela Justiça francesa.
Le Pen foi condenada por desvio de verbas públicas e também
sentenciada a quatro anos de prisão — das quais duas devem ser anuladas. A
Justiça decidiu que ela deve ficar inelegível por cinco anos. Ela deve recorrer
da decisão.
Le Pen liderava as pesquisas de intenção de
voto para as próximas eleições presidenciais na França, em 2027.
Segundo a condenação, ela desviou verbas de gabinete quando
era deputada no Parlamento Europeu para pagar funcionários de seu partido, o
Reunião Nacional.
No julgamento, Le Pen e seu partido argumentaram que o
dinheiro foi usado de forma legítima e que as alegações definiram de forma
muito restrita o que um assistente parlamentar faz.
Mas a juíza Bénédicte de Perthuis, que anunciou o veredito,
disse que Le Pen sabia do esquema e estava "no centro" dele.
A juíza, do tribunal do Paris que julgou o caso, calculou o
prejuízo total em 2,9 milhões de euros (cerca de R$ 18 milhões de reais), ao
fazer "o Parlamento Europeu pagar pessoas que na realidade trabalhavam
para o partido".
- BLOG
DA DANIELA LIMA: Diplomata
do Planalto avalia que Judiciários da França e dos EUA seguirão caminho do
Brasil
Repercussão
O Reunião Nacional disse que a sentença desta segunda foi a
"execução da democracia francesa".
Aliados de Le Pen também criticara a decisão. O Kremlin
disse que a Justiça francesa condenou a democracia no país — o presidente
russo, Vladimir Putin, já fez declarações favoráveis a Le Pen, que costuma ser
questionada na França por
sua proximidade com ele.
O presidente da Hungria, Viktor Orbán, também da extrema
direita, condenou a decisão.
Marine
Le Pen ainda não havia se pronunciado sobre a condenação até a últiam
atualização desta reportagem. Ela deixou o tribunal antes de o juiz anunciar a
sentença.
'Momento político sísmico'
Arnaud Benedetti, analista político que escreveu um livro
sobre o RN, disse que a proibição de Le Pen é um momento decisivo na política
francesa que repercutirá em todos os partidos e no eleitorado.
"Esse é um evento político sísmico", disse ele.
"Inevitavelmente, isso vai remodelar o grupo, especialmente à
direita."
O que acontece agora?
Apesar de Marine Le Pen ainda
não ter se manifestado, os franceses já começaram a especular os cenários a
partir da inelegibilidade da deputada.
O principal cenário é que Jordan
Bardella, considerado o "pupilo" de Le Pen, se candidate
em seu lugar. Bardella chegou a concorrer, no ano passado, nas
eleições para primeiro-ministro — cargo que governa em conjunto com presidente
na França mas
tem menos importância e peso simbólico no país europeu.
Nesta segunda, Bardella se pronunciou sobre a condenação de
Le Pen, dizendo que "foi a democracia que foi assassinada hoje". Mas
ele não informou se pretende concorrer no lugar da deputada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário