quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

QUANDO A BIRRA DO PREFEITO ABÍLIO BRUNINI PESA MENOS QUE UM GRÃO DE POEIRA NA BR - 163

João Guató, Pasquim Cuiabano

A imprensa noticiou com estardalhaço digno de breaking news: o prefeito Abílio Brunini decidiu que "não vai" receber Lula caso o presidente venha a Cuiabá. Aliás, não só ele — ninguém da Prefeitura irá, segundo decretou o patriarca municipal da contrariedade.

A manchete saiu no "Repórter MT", mas a pergunta que ecoa pelas calçadas é:
e daí?

Imaginar que Lula — com agenda nacional, crise internacional, COP, PAC, BRICS, inflação, combustíveis, reforma tributária — perderia um milímetro de sono porque Abílio Brunini não vai à Avenida do CPA é algo que só mesmo a dissonância congênita da família Brunini explica. É como achar que a Lua atrasa o eclipse porque o vereador da esquina está de mau humor.

A reportagem de Rennan Oliveira informa que o Governo Federal vai entregar "400 maquinários agrícolas". Um volume capaz de equipar metade do Araguaia. Uma solenidade dessas move secretários, prefeitos, deputados, senadores, ministérios…

E aí alguém anuncia:
— O Abílio não vem.

Silêncio.
Respira-se fundo.
E a resposta natural, quase instintiva, brota:
— Quem é Abílio na fila do pão?

Porque sejamos francos: a ausência do prefeito não altera o clima, não muda a logística, não adia a cerimônia, não reposiciona a comitiva. No máximo, evita que alguém precise explicar por que ele estaria lá de braços cruzados, fazendo careta para qualquer coisa que lembre governo federal.

O prefeito, tomado por inspiração meteorológica, disse que Lula talvez nem venha: “choveu, o clima estava quente”. No fundo, Abílio parece acreditar que sua antipatia altera o INMET. Um dia ainda o veremos decretando estado de *tempestade ideológica* no CPA.

Mas o momento de ouro foi quando sentenciou:
“Se vem, a gente paga menos.”

É uma frase tão desconexa da realidade que só pode ter saído dessa dissonância político-familiar que acompanha os Brunini como herança genética: aquela incapacidade de entender que o mundo gira independentemente do humor deles.

Se Lula vier, a comitiva pousa.
Se não vier, o país continua.
E se Abílio não for, bem…
a cerimônia segue exatamente igual. Talvez até mais silenciosa.

Cuiabá precisa de diálogo, estrutura, planejamento.
Abílio oferece ausência — como se ausência fosse moeda política.

No fundo, é até poético:
um prefeito que acredita que não estar presente é, por si só, um grande acontecimento.
Mal sabe ele que sua ausência pesa tanto quanto a sombra de uma mariposa em dia nublado. 

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