A imprensa noticiou com estardalhaço digno de breaking news: o prefeito Abílio
Brunini decidiu que "não vai" receber Lula caso o presidente venha a
Cuiabá. Aliás, não só ele — ninguém da Prefeitura irá, segundo decretou o
patriarca municipal da contrariedade.
A manchete saiu no "Repórter MT", mas a pergunta que ecoa pelas
calçadas é:
e daí?
Imaginar que Lula — com agenda nacional, crise internacional, COP, PAC, BRICS,
inflação, combustíveis, reforma tributária — perderia um milímetro de sono
porque Abílio Brunini não vai à Avenida do CPA é algo que só mesmo a
dissonância congênita da família Brunini explica. É como achar que a Lua atrasa
o eclipse porque o vereador da esquina está de mau humor.
A reportagem de Rennan Oliveira informa que o Governo Federal vai entregar
"400 maquinários agrícolas". Um volume capaz de equipar metade do
Araguaia. Uma solenidade dessas move secretários, prefeitos, deputados,
senadores, ministérios…
E aí alguém anuncia:
— O Abílio não vem.
Silêncio.
Respira-se fundo.
E a resposta natural, quase instintiva, brota:
— Quem é Abílio na fila do pão?
Porque sejamos francos: a ausência do prefeito não altera o clima, não muda a
logística, não adia a cerimônia, não reposiciona a comitiva. No máximo, evita
que alguém precise explicar por que ele estaria lá de braços cruzados, fazendo
careta para qualquer coisa que lembre governo federal.
O prefeito, tomado por inspiração meteorológica, disse que Lula talvez nem
venha: “choveu, o clima estava quente”. No fundo, Abílio parece acreditar que
sua antipatia altera o INMET. Um dia ainda o veremos decretando estado de
*tempestade ideológica* no CPA.
Mas o momento de ouro foi quando sentenciou:
“Se vem, a gente paga menos.”
É uma frase tão desconexa da realidade que só pode ter saído dessa dissonância
político-familiar que acompanha os Brunini como herança genética: aquela
incapacidade de entender que o mundo gira independentemente do humor deles.
Se Lula vier, a comitiva pousa.
Se não vier, o país continua.
E se Abílio não for, bem…
a cerimônia segue exatamente igual. Talvez até mais silenciosa.
Cuiabá precisa de diálogo, estrutura, planejamento.
Abílio oferece ausência — como se ausência fosse moeda política.
No fundo, é até poético:
um prefeito que acredita que não estar presente é, por si só, um grande
acontecimento.
Mal sabe ele que sua ausência pesa tanto quanto a sombra de uma mariposa em dia
nublado.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
QUANDO A BIRRA DO PREFEITO ABÍLIO BRUNINI PESA MENOS QUE UM GRÃO DE POEIRA NA BR - 163
João Guató, Pasquim Cuiabano
Assinar:
Postar comentários (Atom)


Nenhum comentário:
Postar um comentário