A presidente da República afastada, Dilma Rousseff, se
esquivou de responsabilidades sobre a denúncia de caixa 2 na sua campanha de
2010 e deu a entender que o problema é do PT. O publicitário João Santana e sua
mulher e sócia, Mônica Moura, alegaram na semana passada que US$ 4,5 milhões
recebidos em uma conta na Suíça tiveram como origem caixa 2 da campanha de
Dilma. O casal foi interrogado em Curitiba pelo juiz Sérgio Moro, responsável
pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância.
"Se ele recebeu US$ 4,5 milhões, não foi da organização
da minha campanha, porque ele diz que recebeu isso em 2013. A campanha começa
em 2010 e, até o fim do ano, antes da diplomação, ela é encerrada. Tudo que
ficou pendente sobre pagamentos da campanha passa a ser responsabilidade do
partido. Minha campanha não tem a menor responsabilidade sobre em que condições
pagou-se dívida remanescente da campanha de 2010. Não é a mim que você tem de
perguntar isso. Ele (João Santana) tratou essa questão com a tesouraria do
PT", afirmou Dilma na manhã desta quarta-feira, 27, em entrevista à Rádio
Educadora, de Uberlândia (MG).
Disposição
Questionada sobre informações divulgadas pela imprensa, de
que ela teria dito ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), querer
"acabar logo com essa agonia" do impeachment, Dilma disse que essa
história é uma invenção. "Eu não estive com ele (Renan) na semana passada
nem retrasada. Há uma tentativa sistemática da mídia de querer passar uma
imagem de que eu estou disposta a renunciar, que estou cansada. Eu não estou
cansada, estou plenamente disposta a lutar até o último minuto pelos meus
direitos", afirmou Dilma.
A presidente afastada disse não ser verdade existirem
perspectivas desfavoráveis a ela sobre a futura votação no Senado. Segundo ela,
à medida que se aproxima o dia do julgamento do mérito pelos senadores, haverá
uma "guerra de informação", com um lado dizendo que tem os votos
necessários e o outro desmentindo. "É que nem jogo de futebol, que se joga
até o fim da partida. Eu vou lutar até o fim para ganhar e fazer com que a
democracia ganhe".
Segundo Dilma, sua defesa será entregue até quinta-feira,
28, para a Comissão Especial do Impeachment. Ontem, a comissão concedeu mais um
dia de prazo, após os advogados de Dilma alegarem que não conseguiram acessar o
site do Senado para obter documentos do processo. "Nossa defesa está
praticamente pronta e será entregue amanhã, isso é algo trivial",
comentou.
Do Estadão Conteúdo, via UOL
Do Estadão Conteúdo, via UOL
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