Considerado um dos grandes conhecedores do Carnaval carioca
e torcedor fanático do Fluminense, Argeu Affonso morreu aos 88 anos nesta
quinta-feira (2). O jornalista sofreu um acidente e foi levado ao hospital
Silvestre na cidade do Rio de Janeiro, mas não resistiu.
Affonso trabalhou no Jornal O Globo e era um dos criadores e
presidente de honra do Prêmio Estandarte de Ouro, um reconhecimento aos
melhores do Carnaval do Rio de Janeiro. Argeu também foi dirigente do tricolor
carioca e era um dos principais beneméritos do clube.
Nas redes sociais, amigos e colegas que trabalharam com
“Mestre Argeu”, como era carinhosamente chamado, prestaram homenagens ao
jornalista.
“Ele era o nosso Google, a nossa Wikipedia em um tempo em
que nenhum dos dois existia. Sabia tudo, dominava a língua portuguesa como
poucos! Eu não liberava um texto sem o Argeu passar os olhos”, afirmou a
colunista Luciana Fróes.
“Argeu foi um grande amigo tanto no trabalho como na minha
vida. Sempre, com sábias e bem colocadas, palavras de carinho. Conheci ele
quando fui para a redação em 1983, e me ajudou muito a entender a dinâmica do
trabalho. Depois que saiu da empresa, ficou a amizade. Ele era muito só e,
sempre que podia, estávamos juntos. Quando almoçava no jornal (ele gostava),
ele aproveitava para visitar os amigos e opinava em matérias deles e dos
colunistas”, disse a assistente-executiva do O Globo, Isa da Mata.
O Fluminense também emitiu uma nota em homenagem ao
jornalista.
Confira a nota na íntegra:
O Fluminense Football Club começou o dia 2 de abril de
maneira muito triste. O grande benemérito Argeu Affonso nos deixou. Sócio do
clube há 70 anos, com amplos serviços prestados para a instituição, era um
companheiro leal, inteligente, carismático e dono de um olhar sempre muito
atento e responsável.
Quis o destino que o tricolor apaixonado Argeu tivesse
nascido em 21 de julho, justamente a data de fundação do Fluminense. No dia,
tradicionalmente, ele recebia o carinho de inúmeros amigos do clube, no que se
tornou quase uma tradição.
Nos últimos anos, inclusive, o seu aniversário fez parte do
calendário tricolor, ocupando os festejos da já tradicional Flu Fest em um
churrasco com dezenas de ex-jogadores. Participou das grandes solenidades e de
publicações especiais nos festejos dos 50 anos e dos 100 anos do Fluminense. Recentemente,
foi homenageado pelo Conselho Deliberativo por seus 70 anos ininterruptos como
sócio do clube.
Frequentador das arquibancadas desde os anos 1940, ele
esteve presente a quase todos os jogos do Fluminense. Quase todos. Não ir a um
jogo, para Argeu, era como faltar ao trabalho.
E acompanhava o dia a dia tricolor com a autoridade de quem
viu a história se passar à sua frente. Sua rica memória, sempre disposto a
contar e lembrar de vários fatos vividos pelo clube, era uma parte do
patrimônio imaterial do Fluminense. Foi diretor do clube, ocupando importantes
cargos que passaram pelo Conselho Deliberativo, departamento Social, Marketing
e a vice-presidência de Futebol.
Argeu teve a mesma dedicação ao jornalismo, com brilhante e
longeva carreira em O Globo, onde era reconhecido por todos por sua cultura e
sua postura ética. Profissional querido em várias redações, era amante não só
do futebol, como também do Carnaval. Foi um dos fundadores do Estandarte de
Ouro, a mais importante premiação do Carnaval Carioca, da qual foi o Presidente
de Honra por anos.
Argeu faleceu hoje, aos 88 anos, em um hospital da Zona Sul
do Rio de Janeiro. Ele foi internado após um acidente doméstico. O presidente
do Fluminense, Mário Bittencourt, determinou luto oficial do clube por três
dias”.
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