Acordão entre governo e Congresso cria a emenda de liderança
partidária
Articulação se deu para não apenas manter, mas reforçar e
aperfeiçoar a dinâmica do orçamento secreto via emenda de comissão
A vida continua no Brasil. Há governo. Congresso. E há os
acordos que firmam. Há Lei de Diretrizes Orçamentárias a ser votada. Lei
Orçamentária Anual a ser votada. Inexistente ainda um calendário para definição
do Orçamento de 2025. Tudo oportunidade.
Muita agenda, várias as distrações. Escasso o tempo.
Convocada a urgência. Tudo posto para a glória das emendas parlamentares, a
boiada do orçamento secreto passando ao largo intocada.
Intocada não. Sofisticada. Há acordo.
Alexandre Padilha informa que Lula sancionará o texto
me-engana-que-eu-gosto de “mais transparência” às emendas parlamentares e, ato
contínuo, enviará outro projeto propondo condições para que o governo possa
bloqueá-las em até 15%. O Congresso cede um tantinho. Há acordo.
Acordo – o que interessa aos donos do
Parlamento–pelar e novação de contra todo orçamento secreto. P araque
permaneçamo valor–a partir de R$ 50 bilhões anuais, corrigidos conforme o teto
do natimorto arcabouço fiscal – e a forma opaca e autoritária como esses
dinheiros são geridos e distribuídos.
O arranjo autoritário é o mais grave – afronta aos
parâmetros de equidade consagrados na Constituição. Arranjo inconstitucional
que prospera como produto de negociação costurada na mesa de conciliação armada
pelo Supremo, tribunal que subordina o controle de constitucionalidade à
linguagem da política.
Há acordo. O STF pediu. Governo e Congresso entregaram.
Para Padilha, o projeto aprovado pelo Parlamento resolve o
problema: “A expectativa é que isso tire da frente esse debate das emendas
junto ao Congresso Nacional. Que a gente possa voltar a executar obras
importantes, programas importantes para as universidades, para os institutos
federais e que se defina um calendário de votação do Orçamento até o final do
ano”.
Esta é a preocupação do governo: tirar da frente o imbróglio
para fechar logo o Orçamento. Tirá-lo da frente significando resolver o que
importa aos donos do Congresso: o pagamento dos bilhões em emendas suspenso
desde agosto e a garantia de continuidade do orçamento secreto em 25. Há
acordo.
Acordo para não apenas manter – para reforçar-aperfeiçoar a
dinâmica do orçamento secreto via emenda de comissão. O bicho é camaleônico.
Doravante com nova fachada, novo pau-mandado: o líder de bancada partidária – a
ser aquele sob o qual operarão ocultos os padrinhos das emendas e o dono do
Parlamento que lhes permite apadrinhar emendas.
Nada muda. São três ou quatro os senhores do Congresso. A
comissão – o colegiado – decide coisa nenhuma. Só faz vista. Só laranjada.
Criada informalmente – parasitando a emenda de comissão – a tão sonhada emenda
de liderança partidária.
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