sábado, 2 de maio de 2009

O MENINO MALUQUINHO DO CEARÁ

Ia reproduzir aqui o texto do blog Direto ao Ponto, do jornalista Augusto Nunes na Veja online sobre o deputado federal Ciro Gomes do PSB do Ceará com o título O menino maluquinho do Ceará virou um cinquentão muito doido, mas não está mais disponível na internet na página da Veja. Não sei se por problemas técnicos ou proibições. Se voltar ao ar o texto de Augusto Nunes, irei reproduzir aqui.


Cofira aqui texto reproduzido na íntegra que está no blog Direto ao Ponto do jornalista Augusto Nunes.

Na campanha de 2002, o candidato Ciro Gomes desfiava promessas no horário eleitoral no rádio quando um ouvinte lhe perguntou se pretendia ser presidente da Suiça. ”Lá é parlamentarista”, subiu o tom o orador. ”É só um aviso aí pra esses petistas furibundos. Tem que fazer as perguntas com um pouco mais de cuidado pra largar de ser burro”. Pegou mal, não demorou a entender o próprio Ciro, que levou alguns dias para balbuciar o inconvincente pedido de desculpas e recitar a frase tão verdadeira quanto uma cédula de 3 reais: ”Nunca agredi ninguém em minha extensa vida pública”.

Como?, espantaram-se os mandacarus do sertão e as areias do litoral do Ceará. Ciro rima com grosseria desde a primeira subida ao palanque. Em 1994, por exemplo, quando ainda se enfeitava com plumas de tucano, foi à luta contra o partido que apoiaria no século seguinte: “Os políticos do PT são uns mijões nas calças”, resumiu numa entrevista. Em 2002, portanto, tinha pelo menos oito anos de milhas acumuladas. De lá para cá, o que andou fazendo e dizendo transformou o antigo menino maluquinho num cinquentão doido demais.

Entre os melhores dos seus piores momentos inclui-se o confronto com celebridades que se opõem à transposição do Rio São Francisco e visitaram a Câmara dos Deputados em fevereiro de 2008. Avesso a aparecer no local do emprego, o fervoroso partidário do projeto estava lá para recepcioná-los. Para encurtar a conversa, mirou a atriz Letícia Sabatella e apertou o gatilho: ”Não sei se estou no mesmo lugar que o seu, mas é parecido. Eu, ao meu jeito, escolhi a opção de meter a mão na massa. às vezes suja de cocô. Mas minha cabeça, não. Meu compromisso, não”. Letícia achou que aquilo nem merecia resposta.

Três meses depois de Letícia, chegou a vez de Luizianne Lins, prefeita da capital cearense em campanha pela reeleição. Cabo eleitoral da candidata Patrícia Saboya, senadora e mãe de seus filhos, o deputado federal estacionado no PSB (depois de escalas no PMDB, no PSDB e no PPS) deu uma geral na paisagem e soltou o diagnóstico: “Fortaleza é um puteiro a céu aberto”. Para não perder o apoio do governador Cid Gomes, irmão de Ciro, a prefeita fez de conta que não ouvira direito. Cid também. O resto da família não fez comentários.

Neste abril, o cearense brigão pousou no Congresso disposto a transformar em endereço permamente o Sanatório Geral, que o hospeda há 14 anos. Irrompeu no plenário bravo com os colegas que acham prudente usar a cota de passagens aéreas com menos desfaçatez. “Até ontem era tudo liberado!”, esbravejou. “Então, por que mudar? É um bando de babacas!”. Ficou mais bravo ainda quando soube que viera do Ministério Público a informação de que havia financiado com dinheiro da Câmara, tungado dos contribuintes, um giro internacional da mãe. “Ministério Público é o caralho!”, caprichou. ”Não tenho medo de ninguém! Da imprensa, de deputado! Pode escrever o caralho aí!”, recomendou aos jornalistas. A recomendação foi atendida, mas nem por isso Ciro Gomes reduziu a marcha. “Até parece que isto é um pardieiro de salafrários!”, irritou-se no dia seguinte com o noticiário. E então sumiu de novo.

Candidato do PSB ao Planalto até a semana passada, Ciro talvez tenha de mudar do partido para continuar na corrida: os correligionários ficaram assustados com a performance do artista. Também candidato ao Planalto, mas pronto a estender a mão aos concorrentes, o senador Cristovam Buarque, do PDT, sugeriu-lhe uma brusca mudança de rota. ”Quem quer ser presidente não precisa estudar em Harvard”, ensinou. “Precisa é conhecer o Vale do Jequitinhonha”".

Como qualquer brasileiro com mais de três neurônios, Cristovam sabe que Ciro Gomes precisa é de um curso intensivo de boas maneiras. Se o senador anda achando que a solução está no Jequitinhonha, decerto descobriu que as mães daquela região mineira continuam lavando com sabão a boca de moleques que dizem palavrões em público.
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2 comentários:

  1. Grande crítica...Só acho que se o sarcasmo não fosse tão exarcebado,soaria melhor.Parece até que algo pessoal contra Ciro é sua inspiração.

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  2. Bacana, as criticas evoluem os seres humanos, falando nisso votei no seu blog na categoria politica ao qual foi indicado pelo top blog e gostaria muito que vc olhasse meu blog que esta na categoria variedades... da uma olhadinha e vamos fechar uma parceria abração

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