Na primeira eleição da era da Ficha Limpa e da Lei de Acesso
à Informação, faltou transparência nas doações de campanha nas disputas
municipais. Dos R$ 75,5 milhões arrecadados pelos nove prefeitos de capital
eleitos em primeiro turno, R$ 57 milhões (75%) tiveram origem oculta. Esse
montante foi atribuído pelos candidatos eleitos a repasses dos comitês financeiros
e aos diretórios de seus partidos políticos.
Apesar de os comitês e os diretórios também serem obrigados
a informar de quem receberam, não é possível precisar o destino final da
doação, já que os recursos são pulverizados entre diversos candidatos. Na
prática, as prestações de contas apresentadas pelo conjunto desses nove
prefeitos eleitos só permitem identificar os doadores de 25% de todo o dinheiro
repassado aos candidatos.
Em três capitais, o percentual das chamadas doações ocultas
passou de 90% de toda a arrecadação declarada à Justiça eleitoral: Boa Vista,
Porto Alegre e Aracaju. Nas nove capitais, as doações ocultas só não chegaram à
metade do total arrecadado em Palmas, onde o prefeito eleito, o colombiano
Carlos Amastha (PP), foi o principal financiador da própria campanha. O
empresário tirou do próprio bolso R$ 3,1 milhões dos R$ 4 milhões que arrolou
na prestação de contas.
O caso mais extremo foi registrado na capital de Roraima,
onde todos os recursos (R$ 1,96 milhão) arrecadados pela deputada Teresa Surita
(PMDB-RR), que volta à prefeitura de Boa Vista quatro anos após deixar o cargo,
vieram do diretório estadual do partido. “Recebi doações do PMDB Nacional e
Estadual. Como candidata, não cuidei de doações. Tudo foi feito seguindo a
norma do Tribunal Superior Eleitoral. Não tive relação com nenhum doador”,
disse a deputada, por meio de sua assessoria.
Na capital gaúcha o percentual não foi muito diferente. Com
o mandato renovado por quatro anos, o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati
(PDT), informou que 98% de todos os R$ 6,24 milhões que recebeu a título de
contribuição foram repassados pelo comitê financeiro municipal único, que
também abasteceu campanhas de candidato a vereador da chapa.
Clique aqui e veja a íntegra da reportagem de Edson Sardinha
e Mariana Haubert do site Congresso em Foco.
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