Por Gilberto Dimenstein colunista da Folha de S. Paulo
Está causando estranheza entre figuras da chamada
inteligência paulistana. Fernando Haddad precisava importar um baiano --Juca
Ferreira-- para secretário da cultura? Não tinha ninguém aqui da cidade
habilitado ao cargo, capaz de conhecer melhor os detalhes da cidade? O fato de
ele ter sido ministro torna-o naturalmente competente para um cargo que, a
rigor, tem um orçamento bem menor e, teoricamente, mais simples? É mesmo mais
simples? Juca vai aprender rapidamente os códigos locais?
Lembremos que, neste ano, São Paulo foi considerada uma das
principais capitais culturais do mundo, segundo avaliações internacionais. E é
um dos motores da vocação paulistana --e, mais do que isso, compõem a indústria
da economia criativa. Ou seja, é um cargo estratégico --ainda mais porque, na
visão do futuro prefeito, o uso de espaços culturais devem ser integrados às
escolas, formando uma malha educativa.
Se ele vai ser bom secretário, vamos observar. O fato de ter
sido ministro da Cultura não significa um passaporte. É uma incógnita. Haddad
resolveu apostar --e o risco é alto. É alguém que já vem com desvantagens.
Mas ser de fora, nesse caso, tem algumas vantagens.
Primeiro, ele não é vinculado a nenhuma das panelinhas culturais locais.
Segundo, Juca vem de uma cidade em que a cultura está nas ruas --e uma das
coisas que mais precisamos nesta cidade é abrir mais e mais espaços na rua para
as manifestações artísticas.
A São Paulo que se projeta como uma das capitais culturais
do mundo deve ser cosmopolita, aberta, marcada pela diversidade. Não importa de
onde o secretário venha. Importa se ele vai fazer uma boa gestão.
Quanto mais talentos atrairmos, melhor.
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