segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

HADDAD PRECISA IMPORTAR UM BAIANO?

Por Gilberto Dimenstein colunista da Folha de S. Paulo
Está causando estranheza entre figuras da chamada inteligência paulistana. Fernando Haddad precisava importar um baiano --Juca Ferreira-- para secretário da cultura? Não tinha ninguém aqui da cidade habilitado ao cargo, capaz de conhecer melhor os detalhes da cidade? O fato de ele ter sido ministro torna-o naturalmente competente para um cargo que, a rigor, tem um orçamento bem menor e, teoricamente, mais simples? É mesmo mais simples? Juca vai aprender rapidamente os códigos locais?
Lembremos que, neste ano, São Paulo foi considerada uma das principais capitais culturais do mundo, segundo avaliações internacionais. E é um dos motores da vocação paulistana --e, mais do que isso, compõem a indústria da economia criativa. Ou seja, é um cargo estratégico --ainda mais porque, na visão do futuro prefeito, o uso de espaços culturais devem ser integrados às escolas, formando uma malha educativa.
Se ele vai ser bom secretário, vamos observar. O fato de ter sido ministro da Cultura não significa um passaporte. É uma incógnita. Haddad resolveu apostar --e o risco é alto. É alguém que já vem com desvantagens.
Mas ser de fora, nesse caso, tem algumas vantagens. Primeiro, ele não é vinculado a nenhuma das panelinhas culturais locais. Segundo, Juca vem de uma cidade em que a cultura está nas ruas --e uma das coisas que mais precisamos nesta cidade é abrir mais e mais espaços na rua para as manifestações artísticas.
A São Paulo que se projeta como uma das capitais culturais do mundo deve ser cosmopolita, aberta, marcada pela diversidade. Não importa de onde o secretário venha. Importa se ele vai fazer uma boa gestão.
Quanto mais talentos atrairmos, melhor.
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