O ex-primeiro-ministro israelense Ariel Sharon, 85, morreu
neste sábado (11) de falência múltipla de órgãos, no hospital de Tel Hashomer,
perto de Tel Aviv, confirmaram o governo israelense e a família de Sharon. A
notícia tinha sido dada mais cedo pela Rádio Militar de Israel, citando familiares
do líder.
Ele estava internado na unidade de saúde em coma desde 2006,
quando teve um acidente vascular cerebral.
Sharon participou da criação do Estado de Israel, em 1948, e
teve vários postos nas Forças Armadas e em sucessivos governos do país. Por sua
atuação no Exército e na política, foi acusado pela Justiça de seu país e por
grupos de direitos humanos de ser responsável por diversos massacres de civis
palestinos desde 1952.
Como primeiro-ministro, foi idealizador do muro que separa
os territórios palestinos de cidades e assentamentos judeus e ordenou a
retirada das colônias ilegais da faixa de Gaza.
Relembre a trajetória de Ariel Sharon
Sharon nasceu na região da Palestina em 1928, quando a
região estava sob domínio britânico. Ele participou da milícia Haganá - que
lutava pelo fim da autoridade inglesa na região - em 1942, quando tinha apenas
14 anos de idade.
Posteriormente foi comandante de brigadas do Exército de
Israel durante a ofensiva das tropas árabes logo após a criação do país, em
1948.
Em 1952, ele se tornou líder da Unidade 101, responsável por
ações militares de retaliação em territórios palestinos – muitas das quais
criticadas por violações dos direitos humanos, tal como o Massacre de Qibya, no
qual 69 palestinos morreram - mais da metade dos mortos eram mulheres e
crianças.
Sharon ingressou na política em 1973, eleito para o
parlamento israelense pelo partido de direita Likud. Ele renunciou em seguida
para trabalhar como assessor de segurança nacional para o premiê Ytzhak Rabin.
Em 1977 foi reeleito. Em 1981, se tornou ministro da Defesa
do governo de Menachem Begin. Como chefe da pasta, Sharon comandou a invasão do
Líbano, em 1982, em represália aos ataques com mísseis lançados deste país por
militantes da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), de Yasser
Arafat (1929-2004).
À época, ele foi acusado de agir sem a autorização do
primeiro-ministro. A ação no país vizinho expulsou a OLP do Líbano, mas deixou
um saldo de centenas de civis palestinos mortos, grande parte deles dentro de
dois campos de refugiados de Beirute que estavam sob o controle do Exército de
Israel – episódios conhecidos como os massacres de Sabra e Shatila.
Em 1983, Sharon foi forçado a deixar o cargo por um tribunal
israelense que investigava os massacres. A Justiça concluiu que o ministro foi
indiretamente responsável pelas mortes.
Retorno à política
Apesar da renúncia, Sharon continuou popular entre a direita
israelense, tendo participado de sucessivos governos.
Como ministro da Habitação, em 1990, foi um entusiasta da
política de assentamentos judeus em territórios palestinos, tendo sido
responsável pela maior construção de colônias e estradas na faixa de Gaza e na
Cisjordânia desde que os territórios foram ocupados por Israel, em 1967.
Sharon foi ministro do Exterior do governo de Benjamin Netanyahu,
em 1998, e em 1999 se tornou o líder do Likud.
Depois do fracasso das conversações entre Israel e a
Autoridade Palestina, em Camp David (EUA), em 2000, Sharon tentou colocar a
opinião pública contra o premiê Ehud Barak, dizendo que ele era um usurpador
disposto a trocar Jerusalém por um acordo de paz.
Estopim da segunda intifada
Ainda em 2000, Sharon despertou a ira dos palestinos ao
visitar o complexo religioso conhecido como Haram al-Sharif pelos muçulmanos em
um dia sagrado islâmico. O episódio, visto como provocação pelos árabes, deu
início à segunda intifada (revolta).
Em 2001, ele foi eleito primeiro-ministro com um discurso de
"segurança e paz", afirmando que não iria "se dobrar" aos
palestinos.
Foi de Sharon a ideia de construir um muro separando cidades
e assentamentos judeus dos territórios palestinos. Ele ordenou a retirada de
assentamentos judeus em Gaza, mas descartou outras remoções.
Em 2005, Sharon deixou o Likud e criou o partido Kadima, no
qual esperava ser reeleito como premiê. O acidente vascular cerebral, no
entanto, frustrou os planos de Sharon.
Via UOL, em São Paulo, com informações da BBC e de agências
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